Topo

Vacina contra gripe dá gripe? Confira mitos e verdades sobre vacinas

Thinkstock
Imagem: Thinkstock

Camila Neumam

Do UOL, em São Paulo

18/08/2014 06h00

As vacinas fazem parte da vida da maioria dos brasileiros, desde a infância até a terceira idade. Mesmo assim ainda pairam muitas dúvidas sobre a eficácia das doses e os seus reais benefícios à saúde. O calendário básico de vacinas do país, definido pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, oferece gratuitamente pelo menos 26 tipos de vacinas oferecidas para diferentes faixas etárias e distribuídas em postos de vacinação da rede pública de saúde. Algumas que não fazem parte do calendário podem ser encontradas em clínicas particulares.

O PNI foi formulado em 1973, depois de uma campanha bem sucedida contra a varíola na década anterior, que mostrou o poder da vacinação em massa no Brasil. Antes do PNI, a vacinação tinha caráter episódico e área de cobertura bem reduzida.

Foi pelo programa, já nos anos 80, que se realizou a 1ª campanha da vacinação contra a poliomielite. Hoje, a doença mais conhecida como paralisia infantil está erradicada no Brasil.

Vacina tem efeito colateral, mas não deixa doente

Embora seja gratuita e não compulsória, a vacinação no Brasil nem sempre vem acompanhada de informações sobre seus efeitos no organismo. Afinal, as vacinas causam efeitos colaterais ou não? Quem toma vacina contra a gripe pega gripe? Bebês prematuros podem tomá-las?

Segundo a pediatra Isabella Ballalai, presidente da Comissão Técnica para Revisão de Calendários e Consensos da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), toda vacina pode causar algum efeito colateral, como dor no braço, vermelhidão e inchaço. Febre também é comum. Eventos mais graves, como um choque anafilático, podem acontecer, mas são considerados extremamente raros.

“A vacina contém um vírus semelhante ao da doença, mas muito enfraquecido, que não te deixa doente, mas pode causar reações semelhantes à doença em si. Essa manifestação não dura mais do que 48 horas e não impede ninguém de estudar ou trabalhar”, diz a especialista.

A vacina da gripe, que tem cobertura vacinal anual no Brasil, se encaixa nesse exemplo, por ser composta por diferentes tipos modificados do vírus Influenza. Ao entrarem em contato com o organismo, podem causar reações semelhantes à própria gripe, mas na realidade estão protegendo contra o vírus.

“A vacina da gripe induz no organismo uma resposta imunológica, que ativa as defesas do organismo, além de uma memória sobre esse vírus que lhe permitirá se defender contra ele se o indivíduo entrar em contato”, explica Rodrigo Lima, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade.

Doses fracionadas devem ser respeitadas

Para defender o organismo de doenças como tuberculose, catapora, sarampo, rubéola, meningite e hepatites na infância e doenças como difteria, tétano, coqueluche e HPV no começo da fase adulta até a velhice, é preciso seguir o calendário de vacinação, sem ignorar a segunda dose.

“Cada dose provoca imunidade de duração diferente. Por isso tem que tomar de acordo com a recomendação para manter-se protegido pelo tempo que for indicado”, afirma Rodrigo Lima.

Embora haja resistência de pais quanto a dar vacinas a bebês, o calendário contempla essa faixa etária, incluindo até os prematuros –esses com um calendário exclusivo, composto por até nove vacinas.

“Os bebês prematuros são considerados um grupo de altíssimo risco para infecções. Muitas vezes você tenta salvar um recém-nascido, mas ele acaba perdendo a vida por causa de alguma infecção. Eles têm que receber as vacinas mesmo na UTI de um hospital”, diz a infectologista Isabella Ballalai.

Para saber quais os tipos de vacina estão disponíveis e quais são indicados para cada faixa etária, acesse o site da Sociedade Brasileira de Imunizações.