Rússia anuncia conquista da cidade ucraniana de Kurakhove

A Rússia afirmou, nesta segunda-feira (6), ter capturado a cidade mineradora de Kurakhove, no leste da Ucrânia, após uma batalha de quase três meses, e disse que a vitória lhe permitirá tomar o restante da província de Donetsk "em um ritmo acelerado".

A captura ocorre paralelamente a uma nova ofensiva lançada pelas forças ucranianas no oblast (província) russo de Kursk, onde já controlam várias centenas de quilômetros quadrados desde o início de um ataque em agosto de 2024.

"Estamos infligindo perdas constantes" aos russos, afirmou Mykhailo Drapaty, comandante das forças terrestres ucranianas, a vários meios de comunicação, incluindo a AFP, sem fornecer mais detalhes sobre a operação em curso.

Cada campo está buscando reforçar suas posições em um momento crítico do conflito -que começou há quase três anos- poucos dias antes da posse, em 20 de janeiro, do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que prometeu intermediar rapidamente um cessar-fogo entre Kiev e Moscou.

Na frente leste, após meses de um avanço lento, mas constante, as tropas russas anunciaram que haviam "liberado completamente a cidade de Kurakhove, a maior aglomeração no sudoeste de Donbass", o coração industrial da Ucrânia.

A cidade, que tinha 22 mil habitantes antes da guerra, era uma posição defensiva fundamental para as tropas ucranianas nesse setor e está próxima a um grande depósito de lítio, um mineral raro.

A cidade fica próxima a um reservatório e abriga uma usina de energia elétrica que foi danificada durante os combates.

Kurakhove também fica cerca de 30 km ao sul de Pokrovsk, um importante centro logístico para as forças ucranianas, em direção ao qual as tropas russas estão avançando.

- "Zona tampão"-

A Ucrânia ainda não confirmou a perda dessa cidade.

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No entanto, um mapa dos combates feito pelo blog militar DeepState, que é próximo ao Exército ucraniano, mostra toda a cidade sob controle russo.

O Ministério da Defesa da Rússia disse que a captura permitiria que suas forças tomassem o restante da província de Donetsk "em um ritmo acelerado". Também afirmou que suas forças tomaram o vilarejo de Dachenske, ao sul de Pokrovsk.

Nos últimos meses, a Rússia acelerou seus avanços no leste da Ucrânia. No final de 2024, fez seus avanços mais significativos desde as primeiras semanas da invasão.

Mas até agora Moscou não conseguiu obter ganhos significativos e, de acordo com Kiev, está sofrendo enormes perdas.

Enquanto isso, na província russa de Kursk, após semanas de operações para tentar repelir as forças ucranianas, Moscou anunciou que Kiev lançou um contra-ataque.

As tropas ucranianas ocuparam várias centenas de quilômetros quadrados da região desde agosto, apesar das tentativas das tropas russas de desalojá-las, apoiadas por soldados norte-coreanos, de acordo com Kiev.

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O Exército russo afirma ter repelido essa nova ofensiva, enquanto a Ucrânia não comentou sobre o assunto.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que a posição do Exército ucraniano em Kursk será "importante" no contexto de possíveis negociações de paz entre Kiev e Moscou.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, afirmou nesta segunda-feira que a Ucrânia mantém "uma zona tampão" na província de Kursk, o que implica que a Rússia não pode deslocar unidades para outros fronts, como a província de Donetsk.

- "Dezenas" de ucranianos desertaram durante treinamentos - 

Ambos os lados tentam consolidar seu progresso antes do retorno à Casa Branca de Donald Trump, que prometeu acabar com o conflito, mas sem dar detalhes de como fará isso.

A Ucrânia espera decisões firmes de Trump, mas também teme um corte na ajuda dos EUA, já que Trump criticou repetidamente os bilhões de dólares enviados a Kiev.

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A Rússia rejeita a ideia de um cessar-fogo. Ela exige que a Ucrânia renuncie às armas, ceda quatro províncias parcialmente ocupadas por suas tropas - mais a península da Crimeia, anexada em 2014 - e renuncie ao seu desejo de se juntar à Otan.

O presidente francês, Emmanuel Macron, instou, por sua vez, Kiev a "realizar discussões realistas sobre as questões territoriais" para alcançar a paz com Moscou.

Um alto oficial do Exército francês declarou nesta segunda-feira à AFP que dezenas de soldados ucranianos desertaram enquanto estavam sendo treinados na França, antes de partirem para os combates no front.

O comandante do Exército ucraniano, Mykhailo Drapaty, reconheceu que "há problemas" em uma brigada que está sendo treinada na França.

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© Agence France-Presse

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