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Entenda por que mulheres compram revistas que promovem corpos impossíveis

Do UOL, em São Paulo

11/11/2014 06h00

Um novo estudo revela o segredo de como algumas revistas de moda e beleza continuam a atrair um público dedicado, mesmo exaltando modelos magérrimas que parecem insultar as mulheres de tamanho "normal".

A pesquisa sugere que algumas leitoras, em vez de ficarem infelizes ao se comparar com as modelos, podem ter uma inspiração: a crença de que podem parecer tão atraente quanto as modelos que veem nessas revistas.

Entretanto, isso pode não ser uma inspiração positiva, segundo a pesquisadora Silvia Knobloch-Westerwick, autora de um estudo e professora de comunicação na Universidade do Estado de Ohio, nos Estados Unidos.

"As mulheres absorvem a mensagem de que elas podem parecer com as modelos que veem nas revistas, o que não é útil", afirma ela. "Isso faz com que se sintam melhor no início, mas em longo prazo, as mulheres estão comprando essas fantasias que não vão se tornar realidade."

O estudo descobriu que mulheres que se sentiram mais inspiradas, na verdade, estavam menos propensas a se envolver em comportamentos de perda de peso.

"Elas se sentiram melhor sobre seu corpo instantaneamente ao ver as imagens e conteúdos relacionados. Não estavam pensando sobre o que tinham que fazer para se parecerem com essas modelos".

O estudo envolveu 51 estudantes universitárias, que participaram de uma pesquisa online na qual avaliaram artigos de revistas e propagandas.

No início do estudo, Silvia Knobloch-Westerwick coletou dados sobre os hábitos de leitura das participantes, o índice de massa corporal, níveis de satisfação com o corpo e sua tendência a comparar sua aparência física com a de outras mulheres.

Os resultados mostraram que as mulheres que se compararam com as modelos apresentaram menor satisfação com o próprio corpo até ao final do estudo. Elas também eram mais propensas a começar uma dieta durante a pesquisa.

"A comparação social deixa essas mulheres menos felizes e mais propensas a querer fazer dieta", disse Silvia Knobloch-Westerwick. "Elas olham para as modelos nas revistas e pensam 'esta pessoa é muito mais magra do que eu sou, eu deveria pular uma refeição'".

Mas as mulheres que usaram a comparação social realmente registraram aumento na satisfação corporal.

Embora não tenha examinado diretamente este fator no estudo, a pesquisadora suspeita que o texto que acompanha essas imagens pode alimentar essas fantasias, como por exemplo, “como perder 10 kg em cinco dias".

Outro achado da pesquisa foi que as mulheres começam a se identificar mais com essas modelos depois de exposições repetidas.

"Eles podem começar a se associar com as modelos, e começam a pensar que essa pessoa é alguém como ela, que poderia ser sua amiga e passa a imitá-la", disse a pesquisadora.

Silvia Knobloch-Westerwick disse que isso também pode explicar por que o estudo constatou que a visualização de imagens de modelos magras pode levar a uma maior satisfação do corpo, quando tantos outros estudos apontam o oposto.

"Se as mulheres veem a imagem de uma modelo magra uma única vez e reagem imediatamente, elas podem de fato ter uma menor satisfação corporal. Mas se olham para as imagens ao longo de vários dias, as leitoras podem começar a se afeiçoar às modelos, se sentirem mais iguais a essa mulheres. Isso poderia levá-las a mudar de comportamento".

Knobloch-Westerwick disse que as mulheres, em um nível superficial, podem ler essas revistas simplesmente como entretenimento. Porém, elas devem perceber como as revistas estão as afetando seu comportamento.

"As mulheres são capazes de combater os impactos nocivos da mídia sobre a sua satisfação com o corpo, mas só se elas entenderem como essas mensagens são projetadas para fazê-las absorver ideais irreais e até mesmo insalubres".