Anvisa proíbe uso de vacina antiaborto que era dada pelo SUS na Unicamp
Depois de a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), ter suspendido no país a "vacina antiaborto", uma injeção do sangue do parceiro na mulher para evitar rejeição ao feto, a Unicamp (Universidade de Campinas) parou de dar a vacina, que era fornecida pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
A técnica, usada há décadas no Brasil, não tinha evidências que comprovassem a "qualidade, eficácia e segurança desses tratamentos, podendo expor a risco as pacientes submetidas aos procedimentos”, esclareceu o órgão em uma nota técnica.
O Caism (Centro de Atenção Integral à Mulher), da Unicamp, é o único no Brasil que oferecia o método pelo SUS). O tratamento era oferecido no hospital desde 1993.
A designer de sobrancelha Ariadne Almeida, de 28 anos, conta que depois de nove abortos espontâneos, ela está grávida de cinco meses após passar pelo tratamento. “É triste saber que outras mulheres talvez não tenham a chance de concretizar esse sonho. Só quem passa por isso pode entender o sofrimento de não conseguir manter a gestação”, disse.
O CFM (Conselho Federal de Medicina) considera que várias modalidades de tratamentos imunológicos "ainda apresentam evidências insuficientes para comprovar decréscimo efetivo das perdas gestacionais recorrentes”. O tema ainda será alvo de análises.
Ariadne é uma das cerca de 500 mulheres que usaram o procedimento no Caism ao longo desses 23 anos. O método consiste em injetar o sangue do parceiro na mulher, quando há provas de que abortos sofridos anteriormente são provocados pela rejeição aos tecidos fetais dentro do corpo dela.
Vacina só poderá ser usada para pesquisas.
“O uso dessas técnicas de imunização possui os mesmos riscos de qualquer outro tipo de transfusão, assim como a possibilidade de transmissão de vírus como a imunodeficiência humana (HIV), Epstein-Bar, hepatites e o citomegalivírus. Além disso, a técnica de manipulação do material, realizada em condições e ambientes inadequados, pode levar à contaminação microbiológica das amostras”, informou a Anvisa.
Segundo o órgão, a decisão se apoia em uma recomendação do CFM, por meio de sua Câmara Técnica de Ginecologia e Obstetrícia, que aponta a inexistência de evidências científicas que validem a adoção dessa substância oferecendo segurança e eficácia aos pacientes.
Barini diz que a determinação não é aceitável porque o tratamento não traz riscos à gestante e tem sua eficácia comprovada por meio de estudos científicos no Brasil e no exterior.
O médico informou que pretende fazer um novo estudo para provar a eficácia do método para o CFM e reverter a suspensão. “Vamos mostrar ao CFM que existem evidências de que o tratamento é eficaz", concluiu.
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