Ministro da Saúde diz que cloroquina para covid-19 'ainda é incerteza'
Luciana Amaral
do UOL, em Brasília
29/04/2020 19h57
O ministro da Saúde, Nelson Teich, declarou hoje (29) que a eficácia da cloroquina para o tratamento da covid-19, doença causada pelo coronavírus, ainda não é comprovada. A substância é uma das mais defendidas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para a contenção de mortes causadas pelo coronavírus.
"Cloroquina ainda é incerteza", disse Teich, em sessão remota com senadores.
Segundo o ministro, em conversa com o presidente de uma farmacêutica multinacional, dados preliminares de pesquisas da empresa na China mostraram que a mortalidade de pessoas com seu uso foi alta e o remédio não deverá ser um "divisor de águas" para a covid-19.
Normalmente, a cloroquina e a hidroxicloroquina são usadas para tratar doenças como lúpus eritematoso sistêmico e discoide, artrite reumatoide e juvenil, doenças fotossensíveis e malária. Entre os efeitos colaterais possíveis destacam-se arritmias cardíacas — podendo causar parada cardíaca — toxicidade hepática e problemas de visão.
Até 21 de abril, a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa havia autorizado 12 estudos com a substância voltados à covid-19 no país. Os resultados só deverão ser conhecidos a partir do final de maio.
A Academia Brasileira de Ciências e a Academia Nacional de Medicina já publicaram uma nota conjunta alertando sobre os riscos do uso indiscriminado da cloroquina e hidroxicloroquina. O uso desses medicamentos para tratamento contra a covid-19 deve ser restrita a recomendações de especialistas, afirmaram.
Michael Ryan, diretor de operações da OMS (Organização Mundial da Saúde), afirmou que não existem ainda "evidências empíricas" de que a cloroquina funcione para lidar com a covid-19. Mas a agência colocou o remédio em sua bateria de testes pelo mundo e aguarda os resultados para poder recomendar oficialmente.
Nelson Teich disse hoje que o governo brasileiro está acompanhando de perto todos os medicamentos testados no mundo e uma vacina para a covid-19 deve levar pelo menos "um ano e pouco" para ser aprovada e liberada.