Teich diz não ter como prever fim de pandemia e defende Bolsonaro
O ministro da Saúde, Nelson Teich, afirmou hoje (29) não ter como prever o fim da pandemia da covid-19, doença causada pelo coronavírus, no Brasil e defendeu o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Teich disse ainda não saber quando vai ser o pico da covid-19 no Brasil. Segundo ele, "ninguém sabe" esse período ao certo, porque datas previstas são suposições em cima de modelos, que não são 100% seguros.
O ministro também afirmou que Bolsonaro está "preocupado com as pessoas e com a sociedade". "Não vou discutir aqui o comportamento [do Bolsonaro], mas eu posso dizer que ele está preocupado com as pessoas e com a sociedade. O alinhamento é nesse sentido", falou.
A defesa acontece após Bolsonaro declarar ontem "E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?" diante do recorde de 474 mortes registradas em 24 horas, até o momento.
O ministro conversou por videoconferência com senadores após ser convidado a prestar esclarecimentos sobre as ações da pasta em meio à pandemia do coronavírus. Teich assumiu o ministério em 17 de abril após a saída de Luiz Henrique Mandetta por desentendimentos com o presidente.
No início da fala, Teich afirmou que o Brasil contabilizou 449 óbitos por coronavírus e 6276 casos novos nas últimas 24 horas. Ao todo, o país conta com 5466 mortes pelo vírus.
Teich disse que o cronograma de entrega de respiradores — aparelho essencial para pacientes com dificuldades respiratórias — atende a apenas parte da demanda atual e que o ministério está buscando alternativas fora do Brasil, mas não forneceu mais detalhes sobre o tema até a última atualização desta reportagem.
Ele acrescentou que o ministério deve criar um canal para que pessoas e empresas no Brasil que possam montar respiradores entrem em contato com a pasta.
Quanto ao cancelamento de uma compra de 15 mil respiradores da China, Teich afirmou que não foi causado por motivos ideológicos e justificou a ação por ter sido cobrado o pagamento de metade do valor em uma conta na Suíça. Ele falou que o processo foi feito por um intermediário antes de assumir a pasta.
Questionado sobre a eficácia e se é defensor do isolamento social, ele afirmou que distanciamento diminui os riscos de contágio, mas deve ser uma prática monitorada e segmentada. Afirmou que idosos e pessoas no grupo de risco devem ficar em casa, e que o ideal é que se teste a população para então determinar a abrangência do isolamento de acordo com a curva de infectados e mortos.
"Sobre ficar em casa, vai haver situações, dentro de uma política sendo desenhada, em que ficar em casa vai ser a melhor solução para algumas pessoas, não para todas. Isso vai ser detalhado. Então, idealmente, a gente vai trabalhar isso aí de uma forma mais específica", afirmou o ministro.
Por enquanto, segundo Teich, o ministério não tem nenhuma recomendação no sentido de apoio à volta às aulas por parte dos estudantes.
Mesmo assim, ressaltou que uma testagem em massa é complicada e possivelmente ineficiente por utilizar testes rápidos, não tão confiáveis quantos os demais. Teich disse não ser possível saber hoje com exatidão o percentual da população comprometida pelo coronavírus, quantos são assintomáticos e a capacidade de transmissão do vírus.
De acordo com o ministro, o governo deve distribuir até 46 milhões de testes para a covid-19.
De acordo com o ministro, não é possível saber se o Brasil viverá uma segunda onda do coronavírus por não haver dados suficientes que comprovem que pessoas infectadas e curadas não possam ficar novamente doentes. Porém, disse que essa possibilidade de segunda onda é "real".
Durante a fala aos senadores, Teich afirmou ser um "completo defensor" do SUS (Sistema Único de Saúde) e da expansão dele.
Após os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Kátia Abreu (PP-TO) declararem estarem insatisfeitos com as respostas do ministro, especialmente em relação ao isolamento social, e os parlamentares relatarem uma quantidade maior de pessoas nas ruas, Teich argumentou que o ministério nunca mudou a política de recomendar a prática.
"A gente como ministério nunca se posicionou para sair do distanciamento. Isso tem que ficar muito claro. Nunca", falou.
O ministro então afirmou que a pasta acompanha o percentual de isolamento pelo país, mas que a decisão final da abrangência do distanciamento cabe aos estados e municípios. Ele disse que a Saúde avalia ainda a saúde mental da população e avaliou que pessoas poderão começar a sair às ruas por viverem em locais pequenos.
Teich afirmou que atualmente o Amazonas é "prioridade absoluta" do ministério. Até o momento, são 380 mortes no estado em decorrência do coronavírus confirmadas, segundo a pasta. O estado não é o que mais tem óbitos em número absoluto, mas está com a rede pública da saúde colapsada e aumento rápido nos casos.
O secretário-executivo do ministério, general Eduardo Pazuello, disse um plano de ações para Manaus, capital amazonense, foi apresentado a Teich no início desta semana e um avião decolará amanhã rumo à cidade com respiradores, equipamentos de proteção individual e outros materiais para o combate à covid-19. Outro avião também levará equipamentos para Belém do Pará.
"A prioridade é de acordo com situação de calamidade vivida. Nenhuma região está deixando de ser observada nem de receber o combinado, como a abertura de leitos", disse Pazuello.
Ao longo da fala aos senadores, Teich destacou a importância de colher o máximo de informações em tempo real, porque não se pode esquecer de outras doenças em meio à pandemia, disse. Ele citou a possibilidade de mais pessoas estarem morrendo de ataque cardíaco e de apendicite aguda por irem de forma mais tardia aos hospitais com medo de serem infectados pelo coronavírus.
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