Com fertilidade de mulher de 50 anos após quimio, jovem de 27 vence plano
Diagnosticada com câncer, a publicitária Luisa Eugênio, 27, ficou sem chão quando seu convênio médico recusou congelar seus óvulos antes de uma quimioterapia que poderia torná-la infértil. Enquanto processava a Omint Serviços de Saúde, sua família pagou do bolso R$ 18 mil para o procedimento.
O STJ (Superior Tribunal de Justiça) deu ganho de causa a Luisa, na última quarta (16). A operadora deverá pagar cerca de R$ 23 mil à jovem, após correção e juros, segundo seu advogado.
A gente aqui em casa ficou muito feliz com a vitória. Que bom que outras mulheres vão ter acesso a essa informação e terão a opção de recorrer à Justiça também.
Luisa Eugênio, publicitária
A história de Luisa
Aos 24 anos, o diagnóstico de câncer de mama. Em 2020, a publicitária pediu à operadora que congelasse seus óvulos, a fim de prevenir a infertilidade que a quimioterapia poderia causar.
"Quando vi que a minha fertilidade estava em jogo, pedi para o convênio congelar meus óvulos", afirmou Luisa ao UOL. "Mas negaram. Ficamos indignados em casa e resolvemos procurar a Justiça."
A operadora respondeu que não poderia bancar o procedimento. A Omint Serviços de Saúde argumentou que o contrato entre as partes não previa a cobertura de fertilização in vitro. Sem opção, a família de Luisa precisou desembolsar os R$ 18 mil.
"Esse valor pagou os remédios e injeções que estimulam a ovulação, a técnica de retirada dos óvulos e a preservação deles, o congelamento", contou Luisa Eugênio.
STJ condenou a empresa nesta semana. Após perder a causa no Tribunal de Justiça de São Paulo, a operadora recorreu ao STJ, que decidiu por unanimidade que a Omint é obrigada a pagar pelo procedimento e pelo armazenamento dos óvulos até o fim do tratamento contra o câncer, que acabou há dois anos.
Fiz o tratamento entre 2020 e 2021, no meio da pandemia. Foi um pesadelo, mas hoje estou 100% curada.
Luisa Eugênio
Os ministros do STJ acataram o argumento da relatora Nancy Andrighi: Se o convênio cobre a quimioterapia, ele também precisa prevenir os efeitos colaterais do tratamento, como a possível infertilidade, segundo a ministra.
Outro lado: procurada pelo UOL, a Omint afirmou em nota que "não comenta decisões judiciais, mas tem como princípio o seu cumprimento". A operadora ainda pode recorrer ao STF.
"Como essa decisão servirá de precedente, a possibilidade de aumento de ações judiciais de mulheres em quimio tende a aumentar", opina o advogado da jovem, Emanoel Dantas de Araújo Jr.
"Fertilidade de uma mulher de 50 anos"
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Quero receberTipo de câncer raro em mulheres jovens. "Não há casos na minha família, então fui 'sorteada'. Com um mês do diagnóstico, eu já estava começando a quimioterapia, porque o tumor aumentava muito rapidamente. Minha sorte é que o diagnóstico foi precoce", diz.
Embora Luisa não tenha ficado infértil, ela decidiu manter seus óvulos congelados, agora com seus recursos. "Muita coisa mudou, e minha reserva de óvulos ficou baixíssima, como se eu tivesse 50 anos", diz ela, que paga R$ 1.200 por ano para manter seus óvulos congelados.
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