Mulher com dengue morre após ter alta em UPA: 'Sintomas normais, disseram'

Cíntia Maria Dourado Mendes, 42, morreu na última segunda-feira (12) após contrair o vírus da dengue, no Distrito Federal.

O que aconteceu

Dona de casa procurou atendimento, mas foi orientada pelos médicos a voltar para casa. Segundo a família, ela foi até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Brazlândia (DF).

O médico disse que a morte pode ter ocorrido por trombose, causada pela dengue, segundo a família. O vigilante Fabiano Vieira Mendes, 43, marido da vítima, conta que questionou por que não foram realizados exames e o médico respondeu que o procedimento não faz parte do protocolo adotado.

Causa da morte ainda não foi divulgada. "O Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF) informa que está aguardando o laudo oficial do Instituto Médico Legal (IML) para esclarecer a causa da morte", diz o órgão, em nota. O laudo deve ficar pronto em 30 dias, segundo a Polícia Civil.

Casada, mãe de dois filhos e avó, Cíntia Maria apresentou os primeiros sintomas da doença no dia 7. Porém, no último sábado (10), teve uma piora no estado de saúde, com vômitos, tontura e desmaios. No domingo (11), foi levada para a tenda de acolhimento a pacientes com dengue, em Brazlândia, onde recebeu a orientação de ir até a UPA.

"Médicos da UPA disseram que os sintomas eram normais e a doença passaria em 14 dias", relata o marido. "Chegaram a dizer que a falta de ar era ansiedade ou crise do pânico", completa Fabiano.

Polícia Civil investiga o caso como homicídio culposo —quando não há a intenção de matar. Após a morte de Cíntia, a família registrou um boletim de ocorrência na 18ª Delegacia de Polícia. A corporação informa que já colheu depoimentos de testemunhas e envolvidos.

Tratamento foi adequado, diz o governo do DF: o IgesDF afirmou que a paciente, após ser avaliada e testar positivo para dengue, recebeu tratamento adequado, incluindo medicação e hidratação, e foi liberada com instruções para retornar se apresentasse sintomas preocupantes (veja nota na íntegra mais abaixo).

O que diz a família

Na tenda [de acolhimento], ela tomou soro. Mas os médicos disseram que ela estava muito inchada e com falta de ar e nos orientaram a procurar a UPA.

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Chegando na triagem [da UPA], minha esposa relatou tudo o que estava sentindo, e os médicos disseram que os sintomas eram normais e que ela precisava se acostumar com isso. Também confirmaram que a doença passaria em 14 dias e que ela não precisaria voltar.
Fabiano Vieira Mendes, 43, vigilante e marido de Cíntia

Poucas horas depois, Cíntia piorou em casa e retornou à UPA. Um enfermeiro foi buscá-la no carro de cadeiras de rodas, mas deixou ela cair no chão, segundo o relato do marido da vítima. Questionado sobre o incidente, o IgesDF não se manifestou.

A dona de casa desmaiou novamente. Isso ocorreu após ela ter passado pela triagem, enquanto aguardava atendimento médico na UPA.

Minha esposa bateu a nuca no meio-fio e começou a revirar os olhos e foi levada para a ala vermelha de novo.

Ela foi levada ao setor destinado a pacientes em estado grave. Segundo Fabiano, a esposa passou por exames e novamente tomou soro.

Fabiano Vieira Mendes e Cíntia Maria Dourado Mendes
Fabiano Vieira Mendes e Cíntia Maria Dourado Mendes Imagem: Acervo pessoal
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Pouco tempo depois, o médico veio me chamar perguntando o que tinha acontecido, que Cíntia tinha piorado e chegado sem vida na unidade. Eu falei que ela não chegou aqui sem vida. Minha esposa chegou aqui respirando e falando. Se ela apagou, foi na hora da pancada na cabeça que ela levou. Então eu quero saber o que foi que houve.

Isso que aconteceu foi negligência. Eles não fizeram exame para saber o que minha esposa tinha. Vamos até o fim em busca de Justiça. A gente sabe que não vai trazer ela de volta, mas que sirva de lição e que possa ajudar a melhorar a saúde no DF.

Minha esposa me deixou, deixou minha filha de 24 anos, deixou meu filho de 14 e uma neta, além de toda a família que a amava muito.
Fabiano Vieira Mendes

Nota do IgesDF

"O Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (IgesDF) informa que a paciente foi atendida na Unidade de Pronto Atendimento de Brazlândia. Após ser avaliada e testar positivo para dengue, recebeu tratamento adequado, incluindo medicação e hidratação, e foi liberada com instruções para retornar se apresentasse sintomas preocupantes.

Posteriormente, a paciente retornou à unidade com episódios de desmaios. A equipe médica prestou assistência imediata, incluindo tentativas de reanimação, mas infelizmente a paciente veio a falecer. O corpo foi encaminhado ao IML para investigação da causa do óbito.

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O IgesDF lamenta profundamente o falecimento da paciente e expressa solidariedade à sua família. Continuaremos acompanhando de perto as informações sobre este caso."

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