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Brasil usou 25 mil próteses mamárias PIP e analisa orientação a pacientes

Em Brasília

23/12/2011 14h25

Foram implantadas no Brasil cerca de 25 mil próteses mamárias da empresa francesa PIP, e as autoridades sanitárias não definiram se, como na França, recomendarão às milhares de mulheres que as utilizam que se submetam a uma cirurgia para retirá-las, disse nesta sexta-feira uma fonte oficial.

"Ainda não há uma recomendação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)", que estuda o caso para definir uma orientação, disse à AFP um porta-voz dessa agência sanitária do governo brasileiro.

A marca foi proibida no Brasil em abril de 2010, depois das primeiras evidências de problemas, apesar de antes disso terem sido usados 25 mil implantes no país, segundo a Anvisa.

No Brasil são realizadas a cada ano 100 mil cirurgias de implante mamário de silicone, informou a SBCP.

França em alerta

O governo francês recomendou nesta sexta-feira retirar "a título preventivo" os implantes mamários de marca PIP de cerca de 30.000 mulheres, apesar de esclarecer que não existem provas de que essas prótese aumentem o risco de câncer.

De acordo com o ministério francês, um número não conhecido desses implantes contém silicone em gel inapropriado para uso médico e portanto apresenta um risco potencial para a saúde em caso de ruptura da prótese.

"Os fatos médicos que conhecemos indicam que essas próteses podem produzir uma ruptura mais precoce e com mais possibilidade de reação inflamatória, e por isso a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) recomenda que as pacientes que as usam adiantem a revisão para comprovar a integridade das próteses", explicou à AFP o presidente dessa entidade, José Horácio Aboudib.

Aboudib declarou-se surpreso com a decisão das autoridades francesas de recomendar agora a retirada dessas próteses: "Esse tema leva dois anos. Houve investigações e as autoridades francesas concluíram que os casos de câncer não estavam relacionados às próteses. Me parece mais uma decisão política do que médica, porque não parece que haja fatos médicos novos", disse.

França pode proibir silicone suspeito de provocar câncer

Londres não recomenda remoção

As autoridades britânicas da Saúde anunciaram hoje que o governo do Reino Unidos não recomenda a remoção dos implantes mamários produzidos pela empresa francesa PIP, utilizados por 42.000 mulheres no país, posição contrária à adotada pela França.

O ministro da Saúde, Andrew Lansley, disse à rede de televisão BBC que as autoridades médicas britânicas "não têm evidências da relação do uso das próteses com a incidência de câncer". "Não temos provas da toxicidade, nem evidências da existência de uma diferença substancial quanto à ruptura dos implantes em comparação com outros produtos", afirmou.

Sally Davis, do serviço de saúde pública, ressaltou que, "apesar de respeitar a decisão do governo francês, nenhum outro país seguirá o mesmo caminho por não existirem evidências que sustentem tal determinação". "Por esta razão, e porque a remoção de implantes também representa risco, não recomendamos essa operação agora".