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Londres descobre alto nível de poluição e culpa diesel

23/10/2015 17h18

Londres, 23 Out 2015 (AFP) - Londres é conhecida por seu perfil cosmopolita e sua riqueza cultural e festiva, mas pouco a pouco vem à tona um aspecto mais turvo da cidade: seu nível de poluição, um dos mais altos da Europa.

Eddie Connor, um ator londrino de 41 anos que sofre de asma aguda, sabe bem do que se trata: "Começo a tossir e fica difícil respirar. É como se tivessem colocado um plástico na minha cara", explicou à AFP.

A culpada, na sua opinião, é a contaminação e mais concretamente as emissões dos motores a diesel.

Alguns lugares do centro de Londres encontram-se entre os mais contaminados da Europa, e as emissões superam as normais da União Europeia (UE) - embora a capital britânica não esteja pior qualificada do que Paris e Amsterdã.

Em 2010, mais de 9.400 pessoas perderam a vida em Londres por causas vinculadas à contaminação, segundo um estudo da King's College London (KCL) publicado em julho.

As pesquisas demonstraram as consequências para a saúde dos elementos poluentes presentes nas emissões de diesel - o dióxido de nitrogênio (NO2) e as partículas finas (ou PM2.5) - e a insuspeita amplitude do problema.

"Medidas radicais poderiam ser tomadas desde já", afirmou James Thornton, ex-advogado especializado em questões de meio ambiente, que ganhou um julgamento contra o governo britânico este ano por não respeitar as normas da UE.

"São necessárias zonas de muito baixas emissões, é preciso proibir o diesel mais poluente e tomar medidas de controle de tráfego", disse à AFP.

Uma dívida de milhares de milhõesA maioria dos veículos vendidos no Reino Unido são movidos a óleo diesel, que é considerado mais barato e menos prejudicial ao ambiente do que a gasolina, de modo que o governo promoveu o combustível em suas campanhas para reduzir as emissões de dióxido de carbono.

Mas acabou que as partículas finas das emissões de diesel podem causar problemas de saúde, ao penetrarem nos pulmões e no sangue.

O custo para a economia de Londres foi de 3,7 bilhões de libras anuais, segundo o estudo da KCL.

Segundo a classificação do Banco Mundial (BM), Londres é a 2.516º cidade mais poluída de uma lista de 3.226 conglomerados de mais de 100.000 habitantes, atrás de Amsterdã ou Paris.

Mas na grande artéria comercial da Oxford Street, saturada de ônibus e táxis, o nível de contaminação é dos mais altos da Europa.

Para Gary Fuller, um pesquisador especialista em poluição do KCL, o escândalo da Volkswagen sobre os testes de manipulação explica sem dívida os altos níveis de NO2 em Londres.

"Ao menos desde 2003, notamos que a contaminação não se reduziu como deveria ter ocorrido", explicou à AFP.

Aplicação sobre o arO governo reconheceu no mês passado em um relatório sobre a qualidade do ar que o impacto do NO2 e das partículas "representava um desafio para a saúde pública", e considerou que os limites estabelecidos pela UE não serão respeitados antes de 2025.

O informe sugere que o número de carros elétricos seja multiplicado e que sejam utilizadas tecnologias de baixa contaminação, propostas que chegam após uma decisão da Suprema Corte que declarou ilegais os níveis de NO2 no Reino Unido.

O prefeito de Londres garante que os planos da prefeitura permitirão respeitar os critérios da UE em 80% da cidade de hoje a 2020.

Até que isso seja alcançado, o ex-secretário de Ciência Paul Drayson, também asmático, criou o aplicativo CleanSpace, que se baseia em dados enviados por um número de informantes para permitir que o usuário siga caminhos menos poluídos.

Drayson espera que haja "um avanço na consciência. As pessoas carecem de informações úteis, utilizáveis, sobre a qualidade do ar do local onde eles estão", considerou.

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