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Aquecimento incomum do mar mata bacalhau do Golfo do Maine

O bacalhau do Atlântico (da espécie "Gadus morhua") está desaparecendo, segundo um novo estudo  - Gilbert Van Ryckevorsel / WWF-Canada
O bacalhau do Atlântico (da espécie "Gadus morhua") está desaparecendo, segundo um novo estudo Imagem: Gilbert Van Ryckevorsel / WWF-Canada

29/10/2015 19h28Atualizada em 03/11/2015 12h29

O aquecimento incomum nas águas ao largo do nordeste dos Estados Unidos tem provocado a morte de um grande número de bacalhaus do Atlântico, pondo em perigo mais uma valiosa e tradicional pesca - apesar de anos de restrições, disseram pesquisadores na quinta-feira (29).

As unidades populacionais de bacalhau da Nova Inglaterra estão à beira do colapso, chegando a 3 a 4 por cento do que os cientistas dizem que são níveis sustentáveis.

O problema tem sido alimentado pelo excesso de pesca, e agravado por uma tendência de aquecimento gritante no Golfo do Maine que não tem comparação na Terra, disseram pesquisadores na revista Science.

De 2004 a 2013, a taxa de aquecimento na área foi de quase um grau Celsius por trimestre.

"O Golfo de Maine aqueceu mais rápido do que 99,9 por cento dos oceanos ao longo do mesmo período", disse o principal autor da pesquisa, Andrew Pershing, diretor científico do Instituto de Pesquisas do Golfo de Maine, que estudou os registros dos anos 1900 para comparação.

As razões para o aumento incluem o aquecimento global e uma mudança na corrente do Golfo.

Para os peixes, essas temperaturas mais altas levaram a menos filhotes e menos jovens que sobreviveram até a idade adulta.

Mesmo uma série de restrições para a pesca do bacalhau postas em prática para tentar salvar a população foi muito lenta para acompanhar o crescimento das temperaturas.

"A taxa de mudanças ultrapassou a capacidade das pessoas para tomar decisões sobre o ecossistema", disse Pershing.

As cotas continuaram a cair, o que significa que os pescadores foram autorizados a pescar menos peixes, mas os modelos que ajudaram os gerentes a tomar essas decisões "consistentemente superestimaram a abundância de bacalhau", defendeu Pershing.

"O aquecimento das águas fez o Golfo do Maine menos hospitaleiro para o bacalhau, e a resposta das autoridades foi muito lenta para acompanhar as mudanças".

Os pesquisadores disseram que suas conclusões sobre o bacalhau do Golfo do Maine devem gerar polêmica entre os pescadores, cujos meios de subsistência já são limitados pelas restrições de pesca.

Abordagens mais adaptáveis da gestão da pesca podem ajudar a resolver o problema no futuro, disse Katherine Mills, do Instituto de Pesquisa do Golfo do Maine.