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Bate-bolas fogem da violência e ocupam novas áreas do Rio de Janeiro

08/02/2016 21h35

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Comuns nas brincadeiras de carnaval, nos subúrbios do Rio de Janeiro, os personagens de bate-bolas, com as coloridas fantasias de Clóvis chamaram a atenção na orla de Copacabana, zona sul da cidade, nesta segunda-feira (8). Curiosos tiravam fotos e turistas estrangeiros abordavam o grupo para entender as assustadoras máscaras e barulhentas bolas.

 

Blocos de bate-bolas, também conhecidos como Clóvis

Blocos de bate-bolas, também conhecidos como ClóvisFlávia Villela/Agência Brasil

Clown, tentava explicar um dos rapazes do grupo Os Renegados de Anchieta, criado há nove anos por amigos do bairro de mesmo nome, na zona norte do Rio. O fundador do grupo, o vendedor Carlos Fernando Santiago Filho, 31 anos, explicou que por causa da violência entre grupos de bate-bolas, eles têm evitado brincar nas zonas norte e oeste.

"Cada dia vamos para um bairro ou cidade diferente, onde tenha bloco mais tranquilo. Também curtimos Anchieta, mas fugimos das brigas, e aqui na zona sul o carnaval é mais bonito", comentou.

"Tem grupos do bem, mas também há grupos do mal, que só querem ir para guerra. E não curtimos essas brigas entre grupos", contou o integrante mais novo do grupo, Lucas Barbosa Gomes, 16 anos.

A estudante Thuany Fernandes, 17 anos, é uma das poucas meninas no grupo. Ela diz que desde pequena era fascinada pelos bate-bolas. "Geralmente, as crianças têm medo por causa da lenda de que os bate-bolas perseguem as crianças. Mas nunca tive medo, cresci junto com eles. É amor, não sei por que gosto", comentou. "Quando a gente chega todos param em qualquer lugar. Alguns se assustam, mas depois pedem para tirar foto", acrescentou.

As fantasias são criadas e confeccionadas pelo próprio grupo, de cerca de 15 componentes, e demoram cerca de um ano para ficarem prontas. Os custos com as roupas totais passam de R$ 1 mil por pessoa. "Sem contar os tênis, que têm que ser lançamento, e os fogos de artifício que queimamos na saída do grupo, lá em Anchieta. No final, dá quase R$ 2 mil reais", explica. "Por mês, pagamos uma espécie de mensalidade até dar a quantia certa para comprar o glitter, o pano, o design, a sublimação", explica outro integrante.

O tema deste ano foi Bob Marley e o Reggae. "Ano passado foram os bruxos. Ano que vem será o esqueleto do He-man", explica Bob. "Esse foi o tema do nosso primeiro ano, e como ano que vem completamos dez anos, vamos repetir a dose", anunciou.

A origem dos bate-bolas remonta ao período colonial português, influência de festas europeias com máscaras e roupas de palhaços, arlequins, colombinas medievais. Historiadores acreditam que o outro nome para os bate-bolas (Clóvis) é uma variação da palavra em inglês clown, que significa palhaço - uma interpretação brasileira ao sotaque dos estrangeiros de língua inglesa ao denominar o grupo de bate-bolas.