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Suspeito de fraudes na merenda escolar se entrega no interior de São Paulo

Da Agência Brasil

01/04/2016 14h24Atualizada em 01/04/2016 16h23

Um dos suspeitos de envolvimento em fraudes de licitação para a compra de merenda escolar, Marcel Ferreira Júlio, que era considerado foragido, apresentou-se na Delegacia Seccional de Bebedouro, no interior paulista. Ele é filho do ex-presidente da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) Leonel Júlio, preso com mais seis pessoas, na última terça-feira (29), na segunda fase da Operação Alba Branca. Segundo as investigações, Marcel seria um dos mentores do esquema.

Expedidos pela 3ª Vara Judicial de Bebedouro, os mandados de prisões temporárias e de busca e apreensão em casas e empresas de pessoas suspeitas de ligação com o esquema de fraude na compra de merenda escolar envolvendo a Cooperativa Agrícola e Familiar de Bebedouro foram cumpridos nas cidades de São Paulo, Campinas, Barretos, Bebedouro e Severínia.

Nessa etapa, além de Leonel Júlio e do filho que se apresentou na quinta (31), foram presos como suspeitos: Sebastião Elias Misiara Mokdici (atual presidente da União dos Vereadores de São Paulo); Emerson Girardi (vendedor da Cooperativa Agrícola e Familiar em Bebedouro); Aluísio Girardi Cardoso (suposto lobista com atuação em órgãos públicos); Joaquim Geraldo Pereira da Silva (suposto lobista que intermediava contatos da cooperativa com agentes públicos); Carlos Eduardo da Silva (sócio-diretor da cooperativa agrícola e funcionário público da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado) e Luiz Carlos da Silva Santos (vendedor da Cooperativa Agrícola e Familiar em Bebedouro).

Também foram apreendidos em casa ou empresas de suspeitos documentos e outros recursos a serem avaliados como provas. O delegado José Eduardo Vasconcelos, encarregado do caso, está tomando o depoimento dos presos desde o início da manhã de hoje (1º). Os suspeitos estão sujeitos a responder pelos crimes de organização criminosa, fraudes em procedimentos públicos, falsidade ideológica e de documentos, além de corrupção ativa e passiva e prevaricação.

Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Ribeirão Preto, as fraudes nas contratações, feitas entre 2013 e 2015, somam R$ 7 milhões, sendo R$ 700 mil destinados ao pagamento de propina e comissões ilícitas.

As investigações identificaram irregularidades em 20 municípios: Americana, Araras, Assis, Bauru, Caieiras, Campinas, Colômbia, Cotia, Mairinque, Mairiporã, Mogi das Cruzes, Novaes, Paraíso, Paulínia, Pitangueiras, Ribeirão Pires, São Bernardo do Campo, Santa Rosa de Viterbo, Santos e Valinhos.

A Cooperativa Agrícola e Familiar é suspeita de fraudar a modalidade de compra chamada pública, que pressupõe a aquisição de produtos de pequenos produtores agrícolas. Para isso, foram cadastrados mil pequenos produtores, mas apenas 30 ou 40 faziam os negócios. Havia também operações com grandes produtores e na central de abastecimento do estado. A Agência Brasil tentou contato com o advogado de Marcel, Luiz Fernando Pacheco, mas não teve retorno até a publicação da matéria.