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Policiais envolvidos na morte de universitário são presos em São Paulo

Fernanda Cruz - Repórter da Agência Brasil

01/07/2016 12h19

Estão presos os dois policiais militares envolvidos na morte de Júlio César Alvez Espinoza, de 24 anos, baleado na nuca em uma perseguição que envolveu policiais militares e guardas civis metropolitanos de São Caetano do Sul, na Grande São Paulo. Os policiais haviam sido afastados das atividades e hoje foram levados à carceragem da Corregedoria. Segundo o secretário de Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho, o Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) e a Corregedoria vão apurar as responsabilidades dos detidos e também de outros dois policiais que foram afastados. Duas testemunhas também serão ouvidas. O secretário participou hoje (1°) de um fórum sobre combate ao contrabando promovido pelo Jornal Estadão. "Tenho certeza de que, em breve, finalizaremos essa apuração e eventual responsabilização. Agora, começam a surgir indícios de uma conduta irregular, que justifica uma medida mais rigorosa do que afastamento cautelar do policial, que é uma providência quando há evento letal", declarou o secretário. O secretário argumenta que a formação dos policiais no estado é adequada. "O policial de São Paulo é o mais bem treinado do Brasil, só que nós temos que, o tempo inteiro, intensificar esse treinamento, fazer com que o nosso policial se recicle. Todo ano, o nosso policial passa por reciclagem, não importa a graduação", disse. O caso Na versão apresentada no boletim de ocorrência registrado no 56º Distrito Policial de São Paulo, o jovem não obedeceu uma ordem de parar o veículo e fugiu. Durante a perseguição, que ultrapassou a divisa entre São Caetano e a capital, os agentes envolvidos dizem que houve disparos do veículo de Júlio César contra as viaturas em que estavam. O Gol prata que o jovem dirigia só parou ao colidir com o portão de uma empresa. Os policiais afirmam que encontraram um revólver e cocaína dentro do veículo. O caso foi registrado como resistência, porte ilegal de arma, disparo de arma de fogo e tráfico de drogas. Ouvidoria Em entrevista ontem (30) à Agência Brasil, o ouvidor das Polícias do Estado de São Paulo, Júlio César Fernandes, classificou como 'suspeita' a abordagem que resultou na morte do jovem. Para ele, há indícios de que a cena do crime foi alterada pelos policiais. "Mexeram na cena do crime. Retiraram um monte de cápsulas. A chave não estava na ignição, estava no banco do carona. Alguém mexeu, porque o morto não tinha como tirar a chave da ignição", disse Fernandes. O ouvidor disse que apontou inconsistências na versão apresentada pelos policiais e guardas civis. "É muito tiro para uma pessoa reagir com um revólver", ressaltou sobre as 16 perfurações encontradas no carro dirigido por Júlio César, além do tiro fatal na nuca do rapaz. O secretário pediu imparcialidade ao ouvidor. "Temos a ouvidoria da polícia, que precisa ser exercida com responsabilidade, de uma forma técnica. A ouvidoria precisa evitar no meu entender, pré-julgar ações, com imparcialidade. A ouvidoria não é um órgão contra a polícia ou investigativo da polícia. Respeito muito o doutor Júlio e eu acho que o ouvidor deve exercer a função de forma técnica, evitar dar o seu sentimento pessoal", disse o secretário.