Estácio de Sá abre primeira noite de desfiles com apresentação sem novidades
Apenas com os recursos distribuídos a todas as escolas do Grupo Especial pela Prefeitura e a Liga das Escolas de Samba (R$ 6 milhões), sem patrocínio, Spinosa e os carnavalescos Amauri Santos e Tarcísio Zanon precisaram de soluções alternativas. A peruca de anjos foi feita de palha de aço pintada de dourado; plástico bolha virou espuma de dragão; buchas vegetais compuseram a pele do leão, símbolo da agremiação.
A comissão de frente, a cargo do coreógrafo Marco Moura, fez bonito. O enorme cavalo branco de São Jorge foi manipulado por bailarinos vestidos de anjo, como uma marionete gigante. O cavalo se abaixava, numa espécie de reverência ao público do Sambódromo, fechava os olhos e "cavalgava" pela avenida. São Jorge também acenou para seus devotos. Anjos e demônios se enfrentavam numa luta. E esses demônios unidos se transformavam no corpo do dragão.
O monstro que enfrentava São Jorge também foi representado na fantasia da rainha de bateria, Luana Bandeira. A dançarina fez aulas de circo por dois meses com o professor Fabio Melo para poder cuspir fogo em plena avenida. "Ela realmente incorpora o dragão dourado", contou o irmão e coreógrafo Marcos Bandeira. Ao entrar na avenida, Luana não escondia a tensão. Ela acabou impedida por bombeiros, que consideraram a performance insegura para o desfile.
Logo ao entrar na Sapucaí, a Estácio enfrentou dificuldades: o primeiro carro não acoplou e abriu um buraco na avenida. O problema ocorreu antes da primeira cabine de jurados, o que pode evitar que a escola seja prejudicada. O desfile não apresentou grandes novidades e pode levar a escola de volta à Série A, a segunda divisão do carnaval carioca, na qual vinha desfilando desde 2008. A Estácio é considerada a primeira escola de samba do Brasil, por ser herdeira da Deixa Falar, fundada em 1928.
O desfile foi carregado de simbolismo para Spinosa, que voltou à escola que o consagrou, em 1992, com o vitorioso enredo "Paulicéia Desvariada - 70 anos de Modernismo". O carnavalesco, que é também comentarista de desfiles, fez seu último desfile no Rio na Estácio, em 2010. Desde então trabalhou em agremiações paulistanas, como a Vai-Vai e a Unidos de Vila Maria.
"Voltar para o Rio é assustador. Quando eu ganhei em 1992, era um jovem de 30 ano. Hoje tenho 64. Acredito muito nesse enredo, é genial. Trabalhamos sem patrocínio, só com pequenas colaborações", contou. "Quem sabe não consigo repetir o feito do ano 2000, quando a Unidos da Tijuca subiu do Acesso, e ficou em quinto lugar? Tenho certeza de que São Jorge está nos apoiando."
Cambistas. Pouco antes do início dos desfiles, havia grande quantidade de cambistas no entorno do Sambódromo. Quem deixou para a última hora a compra do ingresso para assistir aos desfiles encontrou bilhetes a até dez vezes o preço vendido pela Liga. Dejanane Ribeiro Oliveira, de 42 anos, que vai desfilar na Beija Flor, procurava ingresso para a filha Manuela Flor, de 7, que recebeu o nome em homenagem à escola de Nilópolis.
"Ela não viria. Os planos mudaram na última hora. Nossos amigos compraram ingressos a R$ 10 para o setor popular. Mas agora estão oferecendo a R$ 70 e R$ 80", reclamou. Ela tentava negociar para baixar o valor, sem sucesso. "No ano passado, pagamos R$ 20".
Um cambista explicou que os ingressos mais caros são os de segunda-feira, em que a procura está maior. Está sendo vendido a R$ 100 o bilhete para o setor popular.
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