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Ex-líder de FHC, Lula e Dilma, Jucá já negocia cargos em nome de Temer

Em março de 2016, Romero Jucá lidera debandada do PMDB do governo Dilma - Eraldo Peres-29.mar.2016/Folhapress
Em março de 2016, Romero Jucá lidera debandada do PMDB do governo Dilma Imagem: Eraldo Peres-29.mar.2016/Folhapress

De Brasília

08/04/2016 08h15

Além de assumir o comando do PMDB no lugar do vice-presidente da República, Michel Temer, o senador Romero Jucá (RR) assumiu as funções de porta-voz e de articulador político de uma eventual gestão do peemedebista.

Ex-líder dos governos Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, o parlamentar tem sido o principal operador do grupo de Temer na busca pelos 342 votos necessários para a aprovação do pedido de impeachment da petista no plenário da Câmara.

Em 1995, Romero Jucá se encontra com FHC, no Palácio do Planalto - Sérgio Lima-14.mar.1995/Folhapress - Sérgio Lima-14.mar.1995/Folhapress
Em 1995, Romero Jucá se encontra com FHC, no Palácio do Planalto
Imagem: Sérgio Lima-14.mar.1995/Folhapress

Jucá já negocia espaços e cargos num futuro governo Temer com partidos como PP, PR, PSD e PTB - não por acaso os mesmos que são alvo das investidas do Palácio do Planalto para evitar o afastamento de Dilma. Integrantes do partido relatam que o senador usa o mesmo toma lá dá cá do governo, com uma diferença: a questão colocada aos deputados é se querem ficar no cargo de um governo que pode cair em breve ou preferem aderir a Temer pelos próximos "dois anos e meio".

Logo após o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), anunciar na quarta-feira (8), que o partido seguiria com Dilma, Jucá tratou de se reunir com o dirigente para convencê-lo do contrário. No mesmo dia, o peemedebista se encontrou com o presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN); o líder da legenda no Senado, Ronaldo Caiado (GO); e o da Câmara, Pauderney Avelino (AM). Deles, ouviu a cobrança por um maior protagonismo do PMDB no impeachment.

Em 2009, Romero Jucá conversa com Lula, no Palácio do Planalto - Alan Marques-28.jan.2009/Folhapress - Alan Marques-28.jan.2009/Folhapress
Em 2009, Romero Jucá conversa com Lula, no Palácio do Planalto
Imagem: Alan Marques-28.jan.2009/Folhapress

Também faz parte da estratégia de Jucá uma aproximação com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), responsável por iniciar o processo de afastamento de Dilma.

Contraponto

A licença de Temer como presidente do PMDB em favor de Jucá também teve como objetivo atribuir duas missões ao senador. A primeira é a de defender Temer dos ataques que o vice tem sofrido de integrantes da cúpula do PT e do Planalto, desde o desembarque do partido, no mês passado.

Em 2013, Jucá se encontra com Dilma, no Palácio do Planalto - Alan Marques-21.mai.2013/Folhapress - Alan Marques-21.mai.2013/Folhapress
Em 2013, Jucá se encontra com Dilma, no Palácio do Planalto
Imagem: Alan Marques-21.mai.2013/Folhapress

A segunda, considerada internamente como a mais relevante, é a de fazer o contraponto às ofensivas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem atuado diariamente junto à base aliada para tentar conter o avanço do processo de afastamento de Dilma.

As movimentações de Jucá não têm passado desapercebidas pelo Planalto e pelos ministros do PMDB que, mesmo após a decisão pelo rompimento com o governo, permanecem no cargo. O senador foi alvo de críticas em reunião entre esses peemedebistas, realizada ontem na sede do Ministério de Ciência e Tecnologia. Segundo relatos, alguns ministros chegaram a afirmar que "Jucá estava ficando louco".

Para os peemedebistas que mantêm apoio a Dilma, o partido pode entregar até 25 votos contra o impeachment - a bancada do PMDB soma atualmente 77 deputados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.