Crivella cresce com discurso ecumênico
Líder nas pesquisas de intenção de voto, com 31% no Ibope e Datafolha, Crivella, carioca de 58 anos no segundo mandato parlamentar, dedica-se, nos últimos dias de campanha, a preparar correligionários para os ataques que, para ele, se intensificarão. Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, ele é sobrinho do bispo Edir Macedo, fundador da Universal. O parentesco é lembrado por adversários, em especial os aliados do candidato do PMDB, Pedro Paulo. O prefeito Eduardo Paes refere-se a Crivella como "preposto do Edir Macedo".
O senador está na terceira disputa para a prefeitura. Já concorreu duas vezes o governo do Estado. Sempre começou as campanhas com bons índices de intenção de voto, mas só foi ao segundo turno em 2014 - perdeu para o governador reeleito Luiz Fernando Pezão (PMDB). Este ano, Crivella aprimorou a estratégia adotada há dois anos: desvinculou sua imagem da Universal, que não cita no site da campanha, divulgou o apoio de militantes LGBT, de outras religiões e do samba e reuniu em sua equipe experientes pensadores de esquerda.
Com 9% no Ibope, Marcelo Freixo (PSOL) tem dificuldade de ir além do eleitorado formado por universitários, artistas, intelectuais e defensores do direitos humanos. Jandira Feghali (PCdoB) soma 8% das intenções de voto e nacionalizou a campanha, ao rotular o impeachment como golpe e ir para a rua com a presidente cassada Dilma Rousseff e o antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva.
Também estão embolados em segundo lugar nas pesquisas Indio da Costa (PSD), com 7% no Ibope, e Flávio Bolsonaro (PSC), filho do deputado federal Jair Bolsonaro, provável candidato a presidente em 2018. Flávio Bolsonaro tem 8%.
Rejeição
Afilhado de Eduardo Paes, o candidato do PMDB ainda não conseguiu conquistar o eleitorado que simpatiza com o prefeito. Pedro Paulo tem 9% de intenção de voto, enquanto Paes tem 27% de avaliação boa e ótima. Em outra ponta, o peemedebista tem a maior rejeição (36% dizem não votar nele de jeito nenhum) entre os candidatos, semelhante aos 34% que consideram a gestão de Paes ruim ou péssima. A rejeição de Crivella, que estava em 33%, caiu para 24% no último Ibope.
Na estratégia de descolar a imagem de Crivella de candidato exclusivo dos evangélicos, colaboradores católicos do senador chegaram a imprimir panfletos com fotografia da visita que fez ao arcebispo do Rio, d. Orani Tempesta. A Igreja Católica reagiu. Divulgou que d. Orani recebeu vários candidatos, mas não apoia nenhum deles.
Apesar das adaptações para ampliar o eleitorado, Crivella reitera ser contra o aborto e a legalização das drogas. Ao contrário de 2014, quando não se aliou, desta vez o candidato coligou-se ao PR, do ex-governador Anthony Garotinho, também evangélico, e com o nanico PTN.
Recall
Para o cientista político Michael Mohallem, da FGV, a redução do tempo de campanha e da propaganda de rádio e TV beneficiou os candidatos conhecidos do eleitorado e cria dificuldades para os novos se apresentarem. "A campanha mais curta beneficiou os candidatos com recall. Crivella é o que disputou eleições há menos tempo, em 2014."
Para reagir a ataques, o senador criou a seção "verdades e mentiras" no site da campanha. À pergunta "Edir Macedo vai controlar a cidade?", Crivella responde que "nunca sofreu nenhum tipo de influência de grupos ou líderes religiosos e nunca legislou em torno de uma causa que não fosse de interesse nacional". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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