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Fotos mostram cotidiano de escola para 'misses mirins' na Venezuela

07/09/2012 05h15

A escola de beleza Gisselle, no subúrbio de Caracas, na Venezuela, prepara garotas a partir dos 4 anos de idade para serem futuras candidatas em concursos de beleza em todo o mundo.

A casa no estilo dos anos 1960 foi transformada em um centro de preparação para as jovens aspirantes a miss, onde se ensina desde a caminhada na passarela até o modo correto de segurar uma taça de vinho.

A Venezuela produziu muitas misses de sucesso, vencendo cinco vezes os concursos de Miss Universo e Miss Mundo - e os venezuelanos não veem problemas em que as frequentem, desde cedo, escolas que as ensinem o caminho para o estrelato.


Dentro do local, alunas de quatro a 24 anos são imaculadamente preparadas para desfiles, as mais velhas usando saltos de até 12 centímetros.

"O cabelo deve estar sempre completamente limpo, a maquiagem tem que ser natural e você deve sempre, sempre, usar saltos altos", diz Andrea Reyes, que treina as garotas para andar na passarela.

Andrea, de 21 anos, é a sobrinha de Gisselle Reyes, fundadora da escola e também uma ex-miss.

Ela diz que a escola é "um negócio familiar". "Essa é a nossa linguagem porque crescemos com isso."

Futuro como celebridades Na aula de Andrea, as meninas mais velhas aprendem como passear por uma passarela de madeira repleta de holofotes. Ela grita instruções em meio à música alta - "braços relaxados, quadris para a frente!", diz.

Entre elas está Lynette do Nascimiento, de 18 anos, de Aruba, que está visitando Caracas durante o verão.

"Eu quero me preparar para ir ao Miss Aruba e participar do concurso de Miss Universo. Eu acho que a Venezuela é um ótimo país para preparar garotas para estes eventos", afirma.

Na Venezuela, concursos do tipo tem o mesmo prestígio de competições esportivas em outros lugares e muitas garotas são preparadas desde crianças para participarem dos eventos.

Das 160 meninas que frequentam as aulas na escola de Gisselle, a maioria tem entre 4 e 11 anos.

Os pais costumam encorajar suas filhas, sabendo que se elas tiverem sucesso, seu futuro como celebridades está garantido.

Entre as ex-alunas famosas da escola de Gisselle está Dayana Mendoza, que se tornou Miss Universo em 2008.

Aperfeiçoamento pessoal Depois de um exercício de aquecimento, Reyes pede às meninas que andem pela passarela uma a uma enquanto as outras assistem.

Lynette é a primeira, vestido calças pretas, uma blusa de chifon azul de um ombro só e saltos. "Como ela está? Está estilosa?", pergunta a instrutora às outras garotas.

O consenso geral é que sim, apesar de elas não gostarem muito dos acessórios dourados e do relógio preto.

Aceitar bem as críticas é um pré-requisito para meninas que querem entrar no "negócio da beleza".

No entanto, nesta turma de 20 garotas, talvez uma ou duas tenham chance de participar do Miss Venezuela, realizado a cada ano entre agosto e setembro.

O concurso é dirigido pelo lendário guru da beleza Osmel Sousa, creditado como a força por trás do sucesso internacional da Venezuela, desde 1969.

As meninas que vão à competição nacional tem que passar horas na academia e ter muito cuidado com o que comem. Intervenções nos dentes e cirurgias plásticas também podem ser necessárias para o sucesso.

"Eu tenho fazer o melhor que posso, torná-las mais femininas", diz Reyes. "Às vezes é uma questão de aperfeiçoamento pessoal, ser capaz de estabelecer uma conversa com alguém ou falar diante de uma multidão."

Na Venezuela, há muito pouca crítica ao fenômeno dos concursos de beleza. A primeira e única manifestação do tipo aconteceu em 1972, um grupo feminista da Universidade Central interrompeu a transmissão do Miss Venezuela.

O presidente Hugo Chávez falou contra a cultura da cirurgia plástica no país, chamando os implantes de silicone nos seios de "coisa monstruosa", mas não chegou a relacionar os concursos pela popularidade dos procedimentos cosméticos.

A aceitação a este tipo de concursos se explica, em parte, pela importância que se dá à aparência física no país, não só em mulheres, mas em todos.

No entanto, Andrea Reyes diz que encoraja suas alunas a focarem também em habilidades sociais além dos atributos físicos.

"Uma garota que se dedica somente à beleza vai morrer de fome, a não ser que se torne Miss Venezuela."