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Egito vive onda de violência religiosa após funeral

Cristãos coptas egípcios tentam apagar fogo de suas roupas depois de terem sido atacados por indivíduos não identificados fora da catedral, no bairro central de Abbassiya, no Cairo - Mohammed Al-Shahed/AFP
Cristãos coptas egípcios tentam apagar fogo de suas roupas depois de terem sido atacados por indivíduos não identificados fora da catedral, no bairro central de Abbassiya, no Cairo Imagem: Mohammed Al-Shahed/AFP

07/04/2013 18h25

Ao menos uma pessoa morreu e 60 ficaram feridas durante confrontos religiosos iniciados após funerais de cristãos coptas no Cairo neste domingo. 

Os velórios de quatro coptas assassinados em outro episódio de violências na quinta-feira aconteciam na catedral de São Marcos. Coptas que participavam das cerimônias gritaram palavras de ordem contra o presidente egípcio Mohammed Morsi, que é muçulmano.

Segundo testemunhas, a violência começou quando moradores da região atacaram com pedras e coquetéis molotov os coptas que saíam da catedral. Os coptas responderam atirando pedras.

A polícia tentou conter a violência usando bombas de gás lacrimogêneo.

Pedido de calma

Segundo a agência de notícias estatal egípcia, conflitos entre coptas e desconhecidos estão ocorrendo de forma intermitente nas imediações da catedral. Um edifício chegou a ser incendiado, mas o fogo foi controlado.

O papa Tawadros 2º, chefe da Igreja Cristã Copta, pediu calma e a preservação da unidade nacional. Ele afirmou neste domingo que está em contato com autoridades do governo. 

A minoria copta do Egito - que representa cerca de 10% da população - acusa o governo de não ter tomado medidas para protegê-los após a queda de Hosni Mubarak em 2011.

Diversos confrontos entre muçulmanos e coptas têm ocorrido desde então, mas os episódios de violência da última semana foram os mais graves em meses.

A polícia afirmou que cinco mortes - de quatro coptas e de um muçulmano - ocorreram no sábado em Khosous (15 km a norte do Cairo), depois que símbolos desafiadores foram desenhados nos muros de um instituto islâmico.

A ofensa iniciou uma briga que evoluiu para conflito armado entre moradores coptas e muçulmanos. Lojas de donos cristãos foram atacadas.

A violência continuou no domingo, com jovens enfrentando a polícia nas ruas.

Enquanto isso, o principal órgão da Justiça egípcia solicitou que o chefe da promotoria, nomeado por Morsi, deixe seu cargo. Talaat Abdullah, que foi empossado em dezembro, gerou grande controvérsia ao ordenar a prisão de diversos ativistas políticos. Em pronunciamento no domingo, o Conselho Judiciário Supremo do Egito pediu que Abdullah retorne a seu cargo de juiz.

Na semana passada a Justiça anulou o decreto presidencial que o nomeou para chefiar a Promotoria. Porém, ele continuou exercendo suas atividades e decretou mandados de prisão para ativistas acusados de insultar o presidente Morsi e o Islã.

O descontentamento com o governo contaminou o setor econômico com a elevação do desemprego. Neste domingo uma greve paralisou o sistema ferroviário do país.