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Após ser solto, suspeito da máfia dos ingressos segue trabalhando na Copa

Jefferson Puff

No Rio de Janeiro

08/07/2014 12h16

Suspeito de fornecer ingressos para uma quadrilha que vem sendo alvo de investigação da Polícia Civil do Rio de Janeiro, o britânico Raymond Whelan, de 64 anos, solto na madrugada desta terça-feira (8) após passar cerca de 12 horas detido em uma delegacia, continuará por ora a trabalhar em atividades relacionadas à Copa de sua empresa.

Principal executivo da Match Services, empresa parceira da Fifa que detém o direito de venda de ingressos e pacotes da federação, Whelan foi liberado mediante um habeas corpus e deixou a 18ª delegacia de polícia do Rio (na Praça da Bandeira, zona norte da cidade) por volta das 4h.

A informação foi confirmada à BBC Brasil pela Polícia Civil e, segundo relatos, os advogados do britânico entregaram seu passaporte à Justiça durante a tramitação da soltura.

De acordo com a polícia, ele continua sendo um suspeito e a libertação não afeta em nada o andamento das investigacões, que já prenderam 12 pessoas no total.

Whelan continua sendo acusado pelo fornecimento de ingressos para cambismo e associação criminosa. Segundo o jornal O Globo, o delegado do caso se prepara para pedir a prisão preventiva dos envolvidos no caso.

Ainda na segunda-feira não estava claro se Whelan prestaria depoimento pela manhã nesta terça-feira. Seus advogados não confirmaram à imprensa se ele falaria aos policiais ou apenas em juízo.

Nota

Em nota enviada a imprensa, a Match disse que Whelan "auxiliará a polícia com o inquérito" e que tem "completa confiança de que os fatos revelarão que ele não violou nenhuma lei".

"A Match continuará a apoiar totalmente todas as investigações policiais, que nós acreditamos firmemente que exonerarão Ray integralmente. Enquanto isso, Ray Whelan, assim como o resto da equipe da Match, continuará a trabalhar em nossas áreas operacionais de responsabilidade para proporcionar uma Copa do Mundo bem-sucedida", diz a nota.

Whelan, segundo o delegado Fabio Barucke, que preside o inquérito, negou que tivesse feito negociações ilegais com o franco-argelino Mamadou Fofana, apontado como possível distribuidor dos ingressos.

"O que não se sustenta (a negação de Whelan) porque temos muitas evidências que provam o contrário", disse o delegado.

Questionado sobre o papel de Whelan como chefe da quadrilha, o delegado hesitou.

"Nessa altura não dá pra falar nisso. Ele é o facilitador dos ingressos, é um elo importante entre a quadrilha e Fifa."

Mais prisões

Ainda na segunda-feira, Barucke confirmou que mais sete pessoas podem ser presas nos próximos dias e que há mais suspeitos sendo investigados.

Ele também deixou claro que pode chamar para depor Phillipe Blatter, sobrinho do presidente de Fifa, Joseph Blatter.

"Não descartamos a possibilidade de chamar Phillip Blatter para prestar depoimento", disse Barucke.

Phillip é CEO da Infront Sports & Media AG, uma das acionistas da Match.

Whelan foi preso após ser acusado de fornecer ilegalmente ingressos de jogos da Copa do Mundo. Ele faria parte de um esquema de comércio ilegal de ingressos que estaria em curso desde antes do início do Mundial no Brasil.

Há suspeitas de que os envolvidos vendiam ingressos de cortesia dados pela Fifa a ONGs, federações e jogadores a preços que poderiam chegar a até R$ 35 mil. A polícia já apreendeu ingressos, máquinas de cartão de crédito, dinheiro e computadores.

Segundo o inquérito, o grupo teria atuado em quatro Copas e poderia ter levantado até R$ 200 milhões por torneio.

Em comunicado, a FIFA disse que continua colaborando plenamente com as autoridades locais e fornecerá todos os detalhes solicitados para auxiliar nesta investigação em andamento.