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#SalaSocial: Em debate morno, candidatos 'nanicos' roubam a cena em redes sociais

Renata Mendonça e Ricardo Senra

Em São Paulo

27/08/2014 05h17

Nem Marina, nem Dilma, nem Aécio. Os campeões de repercussão e comentários do primeiro debate dos candidatos à Presidência na televisão foram os que registram as menores intenções de votos nas pesquisas: Luciana Genro (PSOL), Pastor Everaldo (PSC), Eduardo Jorge (PV) e Levy Fidelix (PRTB).

A surpresa começou logo nos primeiros dez minutos do programa, exibido na noite desta terça-feira pela TV Bandeirantes. Genro aparecia duas vezes entre os dez tópicos mais comentados pelos brasileiros no Twitter.

Frases fortes e uma postura combativa em relação aos oponentes foram as armas da candidata psolista. "Me permita te chamar de Everaldo. É que não gosto de misturar política e religião", disse a candidata ao oponente. Só na página da BBC Brasil no Facebook, a fala rendeu quase 9 mil curtidas e mais de mil compartilhamentos.

 

Muito elogiada no início do debate, Genro aos poucos passou a ser alvo de piadas por conta de seu "sumiço" no programa. A candidata, que recebeu poucas perguntas dos outros participantes, acabou ficando à margem de boa parte da discussão.

Já Eduardo Jorge, do PV, apostou na linguagem simples e no humor para ganhar atenção. Deu certo. Seu nome foi mencionado quase 20 mil vezes --e associações a José Mujica, presidente do Uruguai, foram frequentes durante toda a transmissão.

"Se fizer auditoria da dívida pública, ela vai sair magrinha como você, Marina", disparou Jorge durante o programa. O comentário, considerado de mau gosto por alguns, foi compartilhado por centenas de internautas.

Quase no fim do debate, Jorge voltou a roubar a cena. Questionado sobre o que faria em relação ao controle social da mídia, o candidato do PV disse: "Concordo com a Dilma... Acabei". A resposta sucinta provocou risos dos demais candidatos, da plateia e até do mediador, o jornalista Ricardo Boechat.

Piadas

No caso do candidato evangélico do PSC, Pastor Everaldo, o posicionamento contrário à legalização do aborto e ao casamento gay quase passou batido pelos internautas.

Foram suas insistentes declarações sobre privatizações as principais fontes de comentários sobre o "pastor neoliberal", que despertou críticas e piadas nas redes.

Os deslizes gramaticais na fala de Everaldo também não foram perdoados pelos usuários do Twitter. Muitos brincaram com os "erros do português ruim" do candidato do PSC --que salientou no debate por algumas vezes o fato de ter estudado em escola pública na infância.

Levy Fidelix, do PRTB, já é velho conhecido das eleições presidenciais e sempre gera polêmica com uma de suas principais propostas: a construção do aerotrem para ligar São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro. Mas desta vez o candidato frustrou a audiência e não mencionou o trem-bala nenhuma vez durante o debate.

Nas redes sociais, em compensação, grande parte das menções a Fidelix vieram justamente por conta do aerotrem.

Se não satisfez os usuários com o discurso do trem-bala, Levy Fidelix fez a alegria dos usuários toda vez que aparecia no debate para responder às perguntas direcionadas a ele. Comparações suas com o personagem do seriado Chaves, Senhor Barriga, ou com o Sr. Spacely, do desenho animado Jetsons, se popularizaram pela internet ao longo de todo o debate.

Líderes nas pesquisas

Enquanto isso, Dilma, que tem 34% das intenções de voto, segundo pesquisa Ibope divulgada nesta terça-feira, Marina, que saltou para 29%, e Aécio, que caiu para 19%, não parecem ter mobilizado a mesma atenção.

Os comentários relacionados aos três não fugiram do padrão de suas últimas aparições na TV --em especial durante as entrevistas promovidas pelo "Jornal Nacional", da TV Globo. Enquanto Dilma era relacionada à forte rejeição ao PT, Aécio era vinculado a comentários sobre uso de drogas e corrupção e Marina era criticada pela falta de propostas objetivas.

Como esperado, Dilma e Aécio travaram o principal embate pessoal durante o programa.

Um dos principais bate-bocas foi relacionado à Petrobras. Após provocação do tucano, Dilma respondeu, irônica, com boa repercussão nas redes:

"Candidato, eu acho que o senhor desconhece a Petrobras, que hoje é a maior empresa da América Latina. Passou do seu governo de 15 bilhões no governo do PSDB para 110 bilhões", disse.

Aécio não deixou barato. "É realmente uma leviandade a forma com que a Petrobras vem sendo administrada. Quem diz é a Polícia Federal. Um colega seu de diretoria está preso hoje".

Marina foi tachada mais uma vez como "via alternativa" à polarização entre PT e PSDB. Na pesquisa de intenções de voto mais recente, a candidata aparece como vencedora num eventual segundo turno contra Dilma Rousseff.

Entre os comentários da audiência nas redes sociais, boa parte se referia aos conceitos de "nova política" e "velha política", amplamente explorados pela substituta de Eduardo Campos no PSB durante o programa.O animado debate das redes sociais promete novas pérolas nos outros encontros dos presidenciáveis na televisão - o próximo já está marcado para o dia 1º de setembro, no SBT.