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ONU diz que legalização da maconha no Uruguai prejudica luta contra drogas

03/03/2015 10h37

Viena, 3 mar (EFE).- O setor da ONU responsável pelo controle de entorpecentes demonstrou "profunda preocupação" pelo fato do Uruguai ter se transformado no primeiro país do mundo a legalizar a compra, venda, distribuição e consumo da maconha.

Em seu relatório de 2014, publicado nesta terça-feira, a Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife) acredita que o passo dado pelo país "afetará negativamente a luta contra as drogas, especialmente contra a maconha em outros países.

A Jife monitora o cumprimento dos acordos internacionais sobre drogas, em sua maioria adotados há mais de dez anos.

"O Uruguai se transformou no primeiro Estado a fazer parte da convenção de 1961 que legalizou a produção, a distribuição, a venda e o consumo da maconha e seus derivados para fins que não sejam nem médicos nem científicos", apontou o relatório.

A Junta ressaltou que a lei que autoriza o Estado uruguaio a "assumir o controle e a regulação das atividades" de compra e venda, distribuição e armazenamento da maconha, aprovada em dezembro de 2013, "é incompatível com o disposto" na citada convenção.

A retirada da proibição da comercialização da maconha e a nacionalização da venda em farmácias foi iniciada em 2012 pelo então presidente do país, José Mujica, como uma forma inovadora de combate ao narcotráfico.

No documento, que dedica um capítulo especial ao Uruguai, a Jife pede que o governo uruguaio elabore "medidas eficazes e exaustivas de fiscalização das drogas, cujo objeto seja diminuir a demanda ilícita da substância".

A Jife já tinha advertido o Uruguai, pouco antes da adoção da lei, que a medida violaria os convênios internacionais assinados.

O órgão das Nações Unidas assegurou que "prosseguirá seu diálogo com o governo uruguaio", e para isso enviará "uma missão de alto nível" ao país.