Paquistanesa famosa na internet é morta em um novo "crime de honra"
Qandeel Baloch, famosa pelos vídeos sensuais que publicava na internet, morreu estrangulada por seu irmão, neste sábado (16), em um novo caso no Paquistão de "crimes de honra", assassinatos cometidos por familiares por uma afronta moral.
A jovem de 25 anos, cujo verdadeiro nome é Fauzia Azeem, morreu estrangulada por seu irmão Muhammed Wasim na casa de seus pais na cidade de Multan, na província oriental de Punjab, afirmou à Agência Efe o chefe da polícia local, Azhar Akram. "Seu irmão a estrangulou aparentemente em um caso de crime de honra (...) Não há ferimentos ou orifícios de bala em seu corpo, nem sangrou", explicou.
Segundo com relatos dos pais da vítima para a polícia, seu filho tinha ameaçado Qandeel pelo tipo de vídeos que ela publicava em redes sociais como Facebook, onde conta com quase 730 mil seguidores, e tinha ordenado que ela encerrasse totalmente sua atividade na rede.
O irmão apareceu ontem à noite na casa de seus pais onde estava a jovem, que vivia lá fazia uns dias, afirmou o policial. "Ela não tinha solicitado proteção policial, se não teríamos proporcionado", garantiu Akram.
No entanto, de acordo com o jornal local "The Express Tribune", Qandeel Baloch tinha pedido diversas vezes proteção ao Ministério do Interior paquistanês pelas contínuas ameaças que recebia, mas "ao não receber resposta" se tinha decidido abandonar o país.
"Sei que não vão me dar segurança e não me sinto segura, por isso decidi ir para o exterior com meus pais", tinha falado a jovem celebridade ao jornal. As fotografias e vídeos de poucos segundos que Qandeel publicava nas redes sociais e que são vistos por milhares de internautas eram de forma caseira e a jovem, com roupas sensuais, realizava poses semieróticas.
A presidente da Comissão de Direitos Humanos do Paquistão (RHCP), Zohra Yusuf, confirmou à Efe que o assassinato da jovem "é outro caso de crime de honra", e revelou que este pôde ser motivado pelas polêmicas fotos bastante comentadas nas redes sociais.
Segundo a HRCP, neste ano 262 mulheres morreram vítimas de crimes de honra, 84 delas por escolher marido sem a permissão da família e 149 por manter "relações ilícitas".
Os chamados "crimes de honra" são muito frequentes no sul da Ásia e costumam envolver familiares que consideram uma afronta o que transgredir a conservadora moral tradicionalista.
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