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Falso policial trabalhou por um ano em delegacia na zona norte de São Paulo

Material apreendido pela PM-SP com falso policial que trabalhou por um ano em delegacia - Divulgação/PM-SP
Material apreendido pela PM-SP com falso policial que trabalhou por um ano em delegacia Imagem: Divulgação/PM-SP

Por Josmar Jozino

12/11/2019 16h15Atualizada em 12/11/2019 17h08

Resumo da notícia

  • Falso policial foi preso por PMs e andava em carro roubado
  • Cristiano da Silva era informante da Polícia Civil, e tinha até sala
  • Ele frequentou a 90º DP (Parque Novo Mundo) por cerca de um ano

O falso policial civil Cristiano Alleson Arruda da Silva, 42 anos, trabalhou aproximadamente um ano no 90º DP (Parque Novo Mundo), zona norte da cidade de São Paulo, onde tinha até mesa em uma sala no 1º andar da delegacia.

Na realidade, Silva jamais integrou os quadros da Polícia Civil e era apenas um "ganso" (informante, como se diz na gíria) dos investigadores e delegados do distrito policial.

A farsa de Silva acabou às 7h20 desta segunda-feira (11/11), em Embu das Artes, cidade na Grande São Paulo, quando ele foi preso pelos policiais militares Thiago Carneiro Arruda, 33 anos, e Eduardo Sidney Rodrigues, 37 anos.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), a Polícia Civil nega ter conhecimento da atuação do falso policial.

Os PMs faziam patrulhamento na rua Itambé, no Jardim Santo Eduardo, quando suspeitaram do ocupante do veículo Hyundai IX 35, branco, com vidros escuros e placas FCR-7667.

O motorista do carro foi abordado pelos militares e se identificou como Cristiano Alleson Arruda da Silva. Ele alegou ser policial civil e apresentou uma carteira funcional em seu nome.

Hyundai onde foi detido Cristiano Alleson Arruda da Silva, que trabalhou como falso policial - Divulgação/PM-SP - Divulgação/PM-SP
Hyundai roubado apreendido com Cristiano Alleson Arruda da Silva, que trabalhou como falso policial
Imagem: Divulgação/PM-SP

Os PMs acharam o documento estranho, fizeram uma pesquisa via Copom (Centro de Operações da Polícia Militar) e foram informados de que não havia nenhum policial civil com aquele nome.

Silva demonstrou nervosismo, mas insistiu em dizer que era policial civil e que deveria estar ocorrendo algum equívoco.

Desconfiados da farsa, os PMs o algemaram e, durante revista no Hyundai, encontraram uma pistola Taurus, calibre .40, com numeração raspada, carregada com 11 cartuchos.

No porta-malas do veículo havia um colete à prova de balas, com símbolo da Polícia Civil, além de um rádio HT de comunicação. No porta-luvas foi encontrado um distintivo metálico da Polícia Civil.

Os policiais militares apuraram também que o veículo dirigido por Silva estava com as placas adulteradas e que o carro era produto de roubo. Os documentos do automóvel eram falsificados.

Silva foi levado para o 1º Distrito Policial de Embu das Artes. Na delegacia foi constatado que o Hyndai havia sido roubado em 15 de março de 2017 na área do 49º Distrito Policial (São Mateus), zona leste da cidade de São Paulo.


O delegado Francisco José Videira autuou Silva em flagrante pelos crimes de posse e porte ilegal de arma, receptação, uso de documento falso, falsa identidade e usurpação de função pública.

Nos bastidores da Polícia Civil, os comentários são de que Silva "trabalhou" por um ano no 90º DP, na sala dos investigadores, e saiu de lá recentemente, após a mudança do delegado-titular e da chefia dos investigadores.

Há rumores também de que Silva chegou até a ser filmado por emissoras de TV, carregando presos na delegacia, durante entrevista coletiva sobre prisões de criminosos.

Fábio Paes Dominici, advogado do falso policial civil, afirmou à Ponte que não iria se manifestar sobre a prisão de Silva para não prejudicar a defesa de seu cliente.

Veja a reportagem original da Ponte aqui.