Juiz rejeita restrições severas a enfermeira dos EUA que trabalhou na África
Por Joel Page
FORT KENT, Estados Unidos (Reuters) - Declarando que os temores do Ebola nos Estados Unidos “não são inteiramente racionais”, um juiz rejeitou o pedido do Estado do Maine de colocar em quarentena uma enfermeira que tratou vítimas da doença no oeste da África, mas que testou negativo para o vírus, e impôs restrições limitadas.
O desafio da enfermeira Kaci Hickox ao isolamento exigido pelo Maine se tornou uma importante batalha entre autoridades de alguns Estados do país, que impuseram quarentenas severas a agentes de saúde recém-chegados dos três países africanos mais assolados pelo Ebola, e o governo federal, que se opõe a tais medidas.
O pior surto da doença em toda a história já matou quase cinco mil pessoas, todas na Libéria, em Serra Leoa e na Guiné, com exceção de alguns casos isolados em outros países.
O governador do Maine, Paul LePage, disse que, embora decepcionado com a ordem de Charles LaVerdiere, principal juiz do Tribunal do Distrito do Maine, o Estado da Nova Inglaterra irá cumpri-la.
Kaci, de 33 anos, declarou estar satisfeita com o veredicto e que as pessoas precisam “superar o medo”.
Na quinta-feira, a enfermeira desafiou a ordem de quarentena e passeou de bicicleta com o namorado, o que levou o governador a tentar forçar seu isolamento em casa por meio dos tribunais.
Na decisão desta sexta-feira, LaVerdiere afirmou que “o tribunal está plenamente ciente dos preconceitos, da desinformação, da ciência distorcida e das informações equivocadas sendo disseminadas de costa a costa de nosso país a respeito do Ebola”.
“O tribunal está plenamente ciente de que as pessoas estão agindo com base no medo, e que este medo não é inteiramente racional. Entretanto, seja esse medo racional ou não, é um fato real”, acrescentou o juiz, dizendo que Kaci deveria seguir três restrições, muito embora seu quadro “não seja infeccioso”.
OBEDIÊNCIA
Depois de uma audiência por telefone, LaVerdiere decidiu que Kaci deve manter o monitoramento direto de sua própria saúde, coordenar planos de viagem com as autoridades de saúde e relatar quaisquer sintomas.
Falando a repórteres ao lado do namorado, Ted Wilbur, do lado de fora de sua casa na pequena cidade de Fort Kent, ao longo da fronteira com o Canadá, Kaci disse que irá obedecer.
"É um dia bom... estou vivendo um minuto de cada vez. Hoje à noite vou tentar convencer Ted a fazer meu prato japonês favorito. E acho que vamos ver uns filmes de terror, já que é Halloween."
Kaci não foi diagnosticada com Ebola depois de retornar de Serra Leoa, onde trabalhou para a organização humanitária Médicos Sem Fronteiras. Ela também questionou quando o Estado de Nova Jersey a isolou assim que pousou no aeroporto de Newark.
Ela disse esperar poder voltar a atuar na África Ocidental. “Amo trabalhar no exterior. É uma parte importante da minha vida desde 2006”, afirmou.
“Sei que o Ebola é uma doença assustadora. Eu a vi face a face e sei que estamos longe de vencer esta batalha”, acrescentou.
(Reportagem adicional de Joseph Ax, Jonathan Allen e Brendan O'Brien)
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