Tabelinha do Planalto com STF revolta a cúpula do Congresso
Quando se está numa rodinha de conversa na Câmara ou no Senado e alguém critica o Supremo Tribunal Federal, é inútil tentar mudar de assunto. Pode-se, no máximo, mudar de magistrado. Alexandre de Moraes passou a dividir o pódio dos mais espinafrados com Cristiano Zanin, Flávio Dino e Gilmar Mendes.
A cúpula do Congresso farejou em decisões dos ministros um jogo muito parecido com o futebol. A diferença é que o campo é mal demarcado, mão na bola conta a favor, e o juiz rouba a favor do Lula Futebol Clube. A tabelinha Supremo-Planalto produziu três constrangimentos ao Legislativo em menos de uma semana, enfurecendo o alto comando da Câmara e do Senado.
Nesta quinta-feira, Cristiano Zanin suspendeu, a pedido do Planalto, uma desoneração que subtraiu R$ 10 bilhões anuais do Tesouro. Na segunda, Gilmar Mendes suspendeu ações judiciais relacionadas à lei do marco temporal e inaugurou um processo de conciliação sobre a demarcação de terras indígenas.
Na sexta-feira da semana passada, Flavio Dino cobrou explicações aos chefes do Executivo e do Legislativo sobre o descumprimento de decisão do Supremo que extinguiu o orçamento secreto. Imagina-se que Dino esboça uma declaração de inconstitucionalidade das "emendas Pix", que permitem aos parlamentares despejar verbas em seus redutos à revelia dos planos dos ministérios.
Os despachos de Zanin, Gilmar e Dino foram vistos como pedidos extemporâneos de VAR, para anular gols que o Congresso já havia marcado contra o Planalto. Disseminou-se a percepção de que os lances são combinados no vestiário. Ou na mesa de jantar. As decisões dos magistrados vieram à luz dias depois do jantar no qual dividiram um prato de arroz e feijão com Lula na casa de Gilmar.
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