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Muçulmanos da Ásia criticam Trump e o acusam de preconceituoso

Donald Trump, pré-candidato à presidência dos Estados Unidos pelo Partido Republicano, em comício no Tennessee - Lisa Norman-Hudson/Reuters
Donald Trump, pré-candidato à presidência dos Estados Unidos pelo Partido Republicano, em comício no Tennessee Imagem: Lisa Norman-Hudson/Reuters

Katharine Houreld

Em Islamabad (Paquistão)

08/12/2015 12h32

Muçulmanos no Paquistão e Indonésia condenaram nesta terça-feira (8) o chamado de Donald Trump para que seja proibida a entrada de muçulmanos nos Estados Unidos, qualificando o principal pré-candidato presidencial do Partido Republicano como uma pessoa preconceituosa que promove a violência.

A declaração de Trump sobre "evitar a imigração muçulmana" atraiu críticas rápidas e ferozes de muitas direções nos EUA, incluindo da Casa Branca e de rivais dele na disputa pela candidatura presidencial republicana em 2016.

Ao comentar o tiroteio na semana passada na Califórnia por parte de dois muçulmanos que o FBI disse terem sido radicalizados, Trump pediu o bloqueio completo à entrada de muçulmanos nos Estados Unidos, "até representantes do nosso país poderem descobrir o que está acontecendo".

"É uma declaração tão absurda que sequer desejo reagir à ela", disse Asma Jahangir, uma proeminente advogada defensora de direitos humanos no Paquistão.

"Esse é o pior tipo de fanatismo misturado com ignorância. Eu imaginei que alguém que está esperando se tornar presidente dos Estados Unidos não quisesse competir com um mulá de mente criminosa ignorante do Paquistão, que condena pessoas de outras religiões. Embora não sejamos tão avançados quanto os Estados Unidos, nós nunca elegemos esse tipo de pessoa no Paquistão."

Tahir Ashrafi, chefe do Conselho Ulema, o maior conselho de clérigos muçulmanos do Paquistão, disse que os comentários de Trump promovem violência.

"Se algum líder muçulmano diz que há uma guerra entre cristãos e muçulmanos, podemos condená-lo. Então, por que não deveríamos condenar um americano se ele diz isso?"

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros indonésio, Armanatha Nasir, disse que seu governo não iria comentar as campanhas eleitorais em outros países, acrescentando que a Indonésia já deixou clara sua posição sobre o terrorismo.

"Como o país com a maior população muçulmana do mundo, a Indonésia afirma que o islã ensina a paz e a tolerância", disse ele à Reuters. "Atos de terror não têm nenhuma relação com qualquer religião ou país ou raça."

Os comentários de Trump em uma reunião na segunda-feira no Estado da Carolina do Sul provocaram críticas entre os republicanos, incluindo o ex-vice-presidente Dick Cheney e o pré-candidato presidencial Jeb Bush, que disse que Trump é "desequilibrado".

Trump fez a declaração depois dos assassinatos da semana passada em San Bernardino, Califórnia, por um casal muçulmano.

O marido, Syed Rizwan Farook, era nascido nos EUA, e a mulher, Tashfeen Malik, era do Paquistão e foi da Arábia Saudita para os EUA.

(Reportagem adicional de Kanupriya Kapoor e Arzia Tivany Wargadiredja em Jacarta, Indonésia.)