Adoção ou sequestro: Por que orcas estão com filhotes de outras espécies

Por Camilla Freitas

No começo deste ano, a cientista Marie-Thérèse Mrusczok, que estuda orcas do Atlântico Norte, estava observando as baleias quando se surpreendeu ao ver uma orca junto a elas.

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"Percebi imediatamente que havia algo estranho nisso", disse Marie ao jornal The Guardian.

Stephen Walker

Para ela, as fotos que tirou daquele momento confirmavam uma suspeita que tinha: a orca fêmea parecia estar cuidando de uma baleia-piloto recém-nascida.

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A orca que teria supostamente adotado o filhote nunca foi vista com um bebê orca e, segundo os pesquisadores, ela pode ter tido um aborto espontâneo ou perdido um recém-nascido.

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"Além disso, o filhote de baleia-piloto estava em condições precárias de saúde, o que pode ter estimulado a orca a realizar comportamento epimelético", escreveu a bióloga Letícia Magpali.

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Apesar de quase não interagirem na natureza, essa não é a primeira vez que essa relação entre as baleias-piloto e as orcas fêmeas é registrada.

Marie-Thérèse Mrusczok

Em agosto de 2021, um filhote de baleia foi visto nadando bem próximo à uma orca adulta na Islândia, em uma posição chamada de "echelon", que auxilia o filhote a nadar mais fácil.

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"É outro nível de empatia que vemos nesses animais se eles são capazes de cuidar de outra espécie", disse Marie-Thérèse Mrusczok, presidente da Orca Guardians Iceland.

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Só que esse comportamento, que se assemelha a uma mãe cuidando de seu filho, é normalmente observado entre mães e filhotes da mesma espécie.

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Neste caso, então, há uma possibilidade de "adoção" por parte das orcas em relação às baleias-piloto.

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Mas essa não é a única explicação: outros especialistas acreditam que a orca também pode ter roubado o bebê baleia de seus pais.

Marie-Thérèse Mrusczok

Isso porque grupos de orcas e de baleias-piloto são animais conhecidos por perseguir uns aos outros numa competição que pesquisadores acreditam ser por alimento.

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O cuidado parental inter-espécies já foi registrado em outros cetáceos, como os golfinhos-comuns, os golfinhos-corcundas e os nariz-de-garrafa.

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De acordo com a bióloga, como esse cuidado envolve riscos e gasto energético, uma das justificativas para isso é que essa "adoção" ajudaria as fêmeas "a praticarem suas habilidades maternas".

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Publicado em 05 de agosto de 2024.

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