Por que o Brasil deveria distribuir mais tipos de vacina?
Por Lucas Borges Teixeira
Pela diversidade
O Brasil tem duas vacinas aprovadas (CoronaVac e AstraZeneca/Oxford) e uma em avaliação (Pfizer/BioNTech). Já é uma boa variedade, mas poderia ser melhor. Por quê? Veja as vantagens da diversidade de vacinas:
Divulgação/Instituto Butantan
Por faixa etária
Entre as vacinas com eficácia divulgada, as gênicas (Pfizer e Moderna, que usam parte do material genético do vírus) têm se apresentado mais robustas para idosos. Com maior variedade, é possível direcionar os tipos por faixa etária.
Rivaldo Gomes/Folhapress
Proteção contra variantes
Novas variantes do coronavírus têm surgido --uma delas de Manaus. As vacinas que usam o vírus inativado na composição, como CoronaVac, têm mais chances de proteção.
Isso se dá porque a CoronaVac usa o vírus inteiro para criar anticorpos enquanto as outras, como a de Oxford, usam só um antígeno (a proteína spike). Logo, ter pelo menos uma de cada tipo, como já há no Brasil, é o ideal.
Divulgação/Instituto Butantan
Variedade geográfica
O Brasil é um país continental. Uma quantidade maior de tipos de vacina possibilita que lugares diferentes recebam imunizantes mais adequados à infraestrutura disponível.
Divulgação/Governo de Santa Catarina
Cada lugar, uma vacina
As vacinas gênicas (Pfizer e Moderna), que precisam de refrigeração de -70°C, iriam para os grandes centros urbanos, enquanto as outras, armazenadas a 2°C, poderiam seguir para o interior.
Claudio Furlan/Dia Esportivo/Estadão Conteúdo
Custo
As vacinas estão sendo comercializadas internacionalmente a cerca de US$ 10/dose (R$ 53), em média, a depender do acordo do governo com a fabricante, mas, como qualquer produto, quanto maior a variedade, maior possibilidade de queda no preço.
Arthur Stabile/UOL
Maior quantidade
Mas a vantagem principal da variedade de vacinas é aumentar a cobertura. Com apenas 12 milhões de doses distribuídas, não imunizamos nem 3% da população. Especialistas dizem que os impactos no sistema de saúde devem começar a ser sentidos quando o índice chegar a 20%.
Divulgação/Instituto Butantan
Edição: Luciane Scarazzati
Fontes ouvidas:
- Ana Brito, epidemiologista da UPE (Universidade de Pernambuco)
- Evaldo Stanislau, infectologista do Hospital das Clínias, em São Paulo
- Mônica de Bolle, pesquisadora do Observatório Covid-19 BR