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Vacina contra covid: O que o Brasil precisa para não ser dependente dos insumos da China

Por Leonardo Martins

Donos das vacinas

Só China, Estados Unidos, Rússia e Índia têm tecnologia para desenvolver as vacinas disponíveis contra a covid --o IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) é exclusivo de farmacêuticas privadas destes países. Esse é o principal obstáculo para o avanço das campanhas de imunização no mundo.
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Nas mãos dos laboratórios

Nos outros países, é possível apenas comprar insumos para produzir o imunizante e envasá-lo no seu próprio país ou adquirir as ampolas prontas para uso. Como a demanda é alta, o envio do material tem sofrido atraso.
Ciro De Luca/Reuters

Os chineses

O Brasil depende da China --tanto a CoronaVac quanto a Oxford/AstraZeneca usam insumos importados dos asiáticos. Butantan e Fiocruz, que fabricam estas vacinas, têm contrato para transferência de tecnologia --que inclui novo maquinário e treinamento de profissionais para a produção de insumos em solo brasileiro.
Amanda Perobelli/Reuters

Processo demorado

O Butantan está construindo uma fábrica exclusiva para CoronaVac. Mesmo assim, o processo de transferência de tecnologia pode levar mais de dez anos. A transferência para a vacina da gripe, por exemplo, que faz parte do PNI (Plano Nacional de Imunização), levou 14 anos.
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Quebra de patentes

Neste mês, o presidente do EUA, Joe Biden, declarou apoio à quebra de patente das vacinas contra covid --quando os países fabricantes liberam a produção sem custos. Especialistas, entretanto, alegam que é necessário investimento para produzir os imunizantes. Hoje, o Brasil não tem condições.
Nicholas Kamm/AFP

Vejo a quebra de patente como uma discussão meio vazia neste momento. Quebrar patente para laboratório que não tem capacidade de produzir não adianta.

Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)
Divulgação/Instituto Butantan

A esperança

Enquanto as negociações ocorrem, a esperança dos cientistas está depositada em vacinas desenvolvidas no Brasil, mas que ainda não começaram a ser testadas em humanos. É o caso da ButanVac, do Instituto Butantan, e da 2H120 Defense, desenvolvida pela Universidade Estadual do Ceará. Ambas aguardam autorização da Anvisa para início dos testes.
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Mesmo se ocorresse quebra de patentes, neste momento, não teria como incorporar a produção de vacinas mais complexas, pois não há base no Brasil hoje para incorporação dessas tecnologias. Somos hoje um retardatário e comprador de produtos biofármacos, ao contrário de outros países, que colocaram isso como prioridade.

Dimas Covas, presidente do Instituto Butantan
Divulgação
Publicado em 21 de Maio de 2021.

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