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Obama perde prestígio na Europa

17/06/2013 08h19

Na sua chegada na Irlanda do Norte (uma das quatro nações componentes do Reino Unido) nesta segunda-feira (17) para participar da reunião do G-8, o presidente Obama foi recebido numa atmosfera bem menos entusiasta do que a acolheu nas suas precedentes viagens à Europa.

A manutenção de práticas controversas herdadas da presidência Bush, a continuidade das prisões arbitrárias em Guantánamo e o noticiário recente sobre a espionagem maciça empreitada pelo governo americano no quadro do programa “Prism”, afetaram o prestígio de Barack Obama na Europa.

O presidente americano, que fará a partir de quarta-feira (19) uma viagem oficial à Alemanha, sabe que Angela Merkel e os outros dirigentes aliados europeus pedirão garantias contra a espionagem de seus cidadãos pelo sistema Prism de controle eletrônico.  Mas não só os aliados que vão se queixar. A reportagem de segunda-feira do jornal “The Guardian” informando que a espionagem britânica filtrou as comunicações dos chefes de governo presentes na reunião do G-20 em Londres, em abril de 2009 (onde o então presidente Lula esteve presente), mostra também que os americanos espionaram o presidente russo da época, Dimitri Medvedev.

Os especialistas preveem que o encontro privado que Obama terá com Vladimir Putin durante a reunião do G-8 será tenso. Já irritado com a decisão americana de armar as forças rebeldes sírias que combatem o regime de Bashar Assad, Putin irá também cobrar explicações sobre a espionagem visando Medvedev em 2009.

Segundo a imprensa americana e europeia, Obama combinou com os dirigentes britânicos, italianos, alemães e franceses que irá revelar as provas sobre a utilização de armas químicas pelas forças de Bashar ssad. Mas o impasse entre russos e americanos sobre a questão síria irá certamente persistir.

O Irã também estará no centro das atenções do G-8. A surpreendente eleição à presidência do país do candidato mais moderado, Hassan Rohani, abre novas perspectivas de negociação sobre o contencioso nuclear iraniano.

Mesmo que os resultados da reunião na Irlanda do Norte sejam melhores do que se esperam, a visita do presidente americano à Berlim na quarta-feira ocorrerá num clima mais adverso do que acolhida triunfal recebida por Obama em julho de 2008 na capital alemã, quando ainda era candidato à presidência.

O título da capa da semana passada do “Der Spiegel”, o mais influente semanário alemão, exprime de maneira eloquente a decepção da Alemanha e da maior parte dos países europeus com relação a Obama. Sob a imagem de John Kennedy, que há exatos 50 anos fez em Berlim o célébre discurso declarando “Eu sou um berlinense !”, significando assim que os Estados Unidos entrariam em guerra se a URSS invadisse Berlim Ocidental, o Spiegel põe uma foto de Obama com a legenda: “O amigo que perdemos”.