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Como a simplicidade acaba com a burocracia que sabota os negócios

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Imagem: Thinkstock

28/12/2015 00h01

"Disrupção" é a palavra da moda no mundo dos negócios há algum tempo, mas ela é muito mais que um bordão. As empresas que são descritas como disruptivas do status quo são lideradas por empreendedores que correm riscos, confiam em seus instintos e rejeitam a forma como as coisas supostamente devem ser feitas.

Entretanto, um equívoco comum entre os empreendedores é que a disrupção de um setor estabelecido exige que você encontre uma solução complicada, tecnologicamente inovadora. Novas tecnologias podem ser úteis quando você está tentando ajudar seus clientes, mas apenas se você permanecer focado nessa meta –ajudá-los. Todo ano, empresas de todo o mundo gastam milhões de dólares criando produtos complexos que ninguém deseja ou usa, em parte por não resolverem um problema genuíno.

Empreendedores que depositam suas esperanças em ideias excessivamente complexas tendem a esquecer um velho truísmo: a vida é realmente simples, mas insistimos em torná-la complicada. Eles devem ter em mente que as melhores soluções para os consumidores analisam e simplificam um problema, tornando a solução óbvia. A simplicidade permite a remoção dos obstáculos ao pensamento disruptivo.

Permita-me explicar o que quero dizer. Eu folheei recentemente o antes confidencial "Manual de Campo para Sabotagem Simples", publicado em 1944 pelo Escritório de Serviços Estratégicos dos Estados Unidos, o antecessor da Agência Central de Inteligência (CIA). Ele lista numerosas estratégias que sabotadores em ambientes de negócios podem usar para impedir o progresso. Surpreendentemente, muitas dessas táticas estão sendo usadas hoje em dia em escritórios em todo o mundo!

Por exemplo, o manual instrui o sabotador que se infiltra em uma organização para "insistir em fazer tudo por meio dos 'canais'. Nunca permitir que atalhos sejam tomados visando decisões aceleradas". Ele também defende que sejam tomadas cautelas adicionais e orienta que toda decisão deve ser encaminhada a comitês. Os gerentes são orientados a "multiplicar os procedimentos e autorizações envolvidas na emissão de instruções. Cuide para que três pessoas tenham que aprovar tudo, onde antes uma bastaria".

Essas instruções podem soar datadas, mas são atemporais. Burocracia e microgestão excessivamente zelosa complicam demais os negócios e pode atrasar de modo significativo a disrupção e o progresso, sem contar que prejudica o moral e desperdiça tempo.

De fato, atualmente, quando alguém me apresenta uma ideia de negócio sobre fazer algo melhor em um setor estabelecido, eu pergunto se um resumo cabe no verso de um envelope. Se for complexo demais para ser explicado em apenas poucas palavras, então é improvável que os consumidores entenderão, e ainda mais improvável que comprarão.

Como já apontei antes, grandes exemplos de disrupção eficaz podem ser encontrados no setor bancário. Ao longo dos anos, os bancos inventaram toda sorte de produtos e programas complexos –muitos para desalento de consumidores à procura de serviços simples e confiáveis por parte de suas instituições financeiras.

Os empreendedores no setor financeiro que mantêm as coisas simples –independente de estarem em pequenas firmas que concorrem com os grandes bancos, novas empresas de tecnologia financeira ou grandes empresas disruptivas, como a Virgin Money– são aqueles que poderão se beneficiar do fato de o setor bancário estar maduro para disrupção

Nós vemos isso na Virgin Money. Jayne-Anne Gadhia, sua presidente-executiva, apontou recentemente em uma postagem em blog que apesar do mundo bancário está lentamente começando a se atualizar, no Reino Unido a Autoridade de Concorrência e Mercados precisa encorajar tanto a simplicidade quanto a concorrência. Por exemplo, as regulamentações atuais tornam a portabilidade de contas bancárias tremendamente difícil para os clientes. "Se os bancos não puderem mais reter os clientes por falta de opção e complexidade de mudança, então uma inovação ocorrerá", ela escreveu. "Os bancos teriam que competir com base em novos e melhores serviços para os clientes. Uma portabilidade plena do número da conta é o que verdadeiramente mudará o jogo e proporcionará um serviço bancário inteligente."

Uma solução voltada à complexidade no setor de telefonia móvel, no qual também estamos envolvidos, demonstra como a simplicidade apoia a inovação. Anos atrás, o Escritório de Telecomunicações do Reino Unido elaborou um plano para tornar o Reino Unido o primeiro país do mundo a permitir que os clientes de telefonia móvel mantivessem o número de seu telefone ao mudarem de operadora. Esse passo simples de remoção dessa barreira de inconveniência aos clientes encorajou a concorrência e dissuadiu as empresas de telefonia móvel de tornarem a troca de operadora um processo caro ou complicado para os consumidores. Essa simples mudança provocou um aumento da inovação e disrupção no setor.

Empresas disruptivas fazem com frequência um trabalho semelhante de redução da complexidade na vida das pessoas. Assim, quando estiver elaborando seu plano de negócios, lembre-se: simplicidade é uma bem-aventurança.