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Será que todo mundo é um empreendedor?

11/01/2016 00h01

O mundo está se tornando mais empreendedor? Parece-me que sim. 

Quando iniciei minha carreira há mais de 40 anos, se alguém me chamasse de "empreendedor", essa pessoa estaria insinuando que eu não era confiável. É um contraste bem grande com o presente: os Centros Branson de Empreendedorismo na África do Sul e Caribe, que foram abertos em 2006 e 2011, respectivamente, já ajudaram mais de 4 mil novos empreendedores a ter acesso a conhecimentos e ao apoio que precisavam para lançar seus negócios –4 mil pessoas que estavam empolgadas com seus planos e orgulhosas de suas novas carreiras. 

A tecnologia parece estar movendo esta nova onda, reduzindo o custo de iniciar um negócio e democratizando o processo. O empreendedorismo não é mais um caminho tomado por ricos independentes ou por aqueles com pronto acesso a financiamento. 

É isto o que quero dizer: digamos que você deseja produzir calçados artesanais e vendê-los em sua própria loja. O custo de abrir esse negócio é uma pequena fração do que costumava ser, digamos, há 50 anos. Você não precisa alugar uma loja para poder vender seus calçados, porque você pode abrir uma loja online de graça. É menos provável que você gaste em excesso em matéria-prima, já que pode contatar fornecedores ao redor do mundo e comprar pelo melhor preço.

Você não precisa pagar uma taxa de juros exorbitante por um empréstimo, já que pode levantar dinheiro em vários sites de "crowdfunding". (Ou por meio de subsídios do governo ou outros esquemas: em pouco mais de dois anos, a Virgin StartUp ajudou o governo britânico a fornecer empréstimos para mais de 800 novos negócios no Reino Unido –mais de 8 milhões de libras, cerca de R$ 47 milhões, foram distribuídos.) Finalmente, você não precisará pagar por publicidade, porque pode gerar interesse por sua marca gratuitamente pelas redes sociais. 

Este último fator, as redes sociais, é uma faceta importante no novo espírito empreendedor. Plataformas que vão do Facebook ao Twitter e Pinterest tiveram um impacto profundo sobre como marcas são criadas e vendidas. 

O marketing que empregamos para lançar a marca Virgin foi semelhante –como já mencionei antes, sir Freddie Laker, meu mentor, me aconselhou a fazer de mim mesmo a face da empresa quando estávamos começando. Esse foi um grande conselho! Nossa equipe passou a sonhar aventuras para mim e façanhas para que eu realizasse, e a cobertura pela imprensa representava uma forma de publicidade gratuita. Ela dava à Virgin uma dimensão humana com a qual nossos clientes se relacionavam facilmente. 

Desenvolver uma marca pessoal nunca foi mais fácil do que agora. Em toda parte nas redes sociais, chefs, músicos, jardineiros e até mesmo cientistas estão lançando suas próprias marcas –as pessoas agora têm um entendimento muito maior sobre a forma como sua imagem é retratada. 

Mas isso significa que todo mundo que está criando uma marca pessoal no Instagram é um empreendedor? Não exatamente. Isso indica que o pensamento empreendedor está sendo aplicado em uma variedade de setores. E por causa disso, há um melhor entendimento dos empreendedores e do empreendedorismo, de modo que o estigma desapareceu. 

Apesar de nem todos quererem se tornar empreendedores, a geração do milênio, que atualmente é uma grande força no mercado de trabalho global, claramente deseja muitos dos benefícios associados ao empreendedorismo. Há cerca de um ano, The B Team, um grupo de líderes empresariais do qual sou membro, divulgou um relatório "New Ways of Working" (vovas formas de trabalhar, em tradução livre), detalhando uma mudança de atitude em relação ao emprego, em grande parte provocada pela geração do milênio. 

Em geral, nossa pesquisa apontou que em vez dos benefícios tradicionais como aposentadoria e estabilidade de emprego, esta geração tende a valorizar oportunidade de viajar a trabalho, a liberdade de falar livremente nas redes sociais, a chance de trabalhar à distância e a opção de horário flexível, além de realizar trabalho que tenha um impacto positivo na vida das pessoas. Até mesmo um salário mais alto não é mais o fator decisivo para muitos desses trabalhadores. 

A manutenção de alto talento sempre foi difícil e as empresas precisam ajustar sua abordagem para explorar ao máximo essa mudança de atitude. Apesar de algumas empresas não poderem oferecer aos funcionários todos esses benefícios, elas poderiam considerar no mínimo fornecer uma plataforma para aqueles de mentalidade empreendedora florescerem, já que precisam de uma coleção saudável de "intraempreendedores" para que possam manter o fluxo de inovação. 

O relatório também apontou que 92% das pessoas com idades entre 21 e 24 anos entrevistadas acreditam que o empreendedorismo é vital para a nova economia e para o mercado de trabalho. Quando eu era um empreendedor de 21 anos, o consenso entre meus pares certamente estava muito longe de ser tão enfático! É uma mudança de atitude maravilhosa de se ver. 

Apesar de ainda não sermos todos empreendedores, nossa sociedade está com certeza se tornando mais empreendedora. Contar com mais geradores de empregos, solucionadores de problemas e intraempreendedores só pode ser bom para todos nós.