Com homenagem a Marielle, Orquestra Voadora celebra dez anos de desfiles
Thiago Camara
Colaboração para o UOL, no Rio
05/03/2019 16h49
O calor intenso não afastou os foliões do desfile de 10 anos da Orquestra Voadora. O bloco mistura o som de Michael Jackson, Fella Kuti, Stevie Wonder, Tom Jobim e Tropicália para fechar o Carnaval do Rio. Monica Benício, viúva de Marielle Franco, esteve presente para a homenagem que o bloco fez à vereadora assassinada há quase um ano.
"Eles combinaram de nos matar, mas nós combinamos de não morrer", gritou Mônica, citando Conceição Evaristo, seguida pela multidão.
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Em entrevista ao UOL, a arquiteta disse que governos conservadores não vão impedir o Carnaval de acontecer.
"O Carnaval desse ano traz um diferencial, por mostrar que é um espaço de resistência popular. Nessa conjuntura tão dramática na retirada de vários direitos, temos a população com alegria, clamando por luta, por resistência para dizer que esse governo fascista não vai conseguir avançar", disse.
Liberdade, folia e luta
Uma catarse musical leva o público ao delírio e faz da Orquestra Voadora um dos blocos mais aguardados do Carnaval de rua do Rio. São 300 músicos entre sopro e percussão, formados pelas oficinas ministradas ao longo do ano. Uma ala circense e uma de pernas de pau faz um espetáculo a céu aberto.
Tiago Rodrigues, trompetista e um dos fundadores da Orquestra Voadora, acredita que o sucesso do bloco está no clima gerado pelo desfile.
"As pessoas vêm por se sentirem bem pela troca, pela harmonia, pela paz. Não tem um jeito certo de brincar o Carnaval. É a festa da liberdade", afirma.
Fantasiado com a blusa da seleção brasileira de futebol, com uma panela na mão e nariz de palhaço, o educador Rafael Pereira fez uma crítica ao momento político atual.
“Estou fantasiado de brasileiro, paneleiro otário. Faço esse deboche a quem acreditou que esse atual governo mudaria algo, enquanto se pode ter liberdade para dizer o que pensa”, explica.
Anárquico e engajado o “voo” político-carnavalesco da Orquestra Voadora começou no Aterro do Flamengo e terminou nos jardins do Museu de Arte do Rio (MAM).