Primeira Impressão: Livro relata a fantástica trajetória de Schwarzenegger
As coisas não andam lá muito fantásticas para Arnold Schwarzenegger.
O governador da Califórnia sujou ainda mais sua reputação quando se descobriu que tinha um contrato de até US$ 8 milhões com revistas de musculação ao mesmo tempo em que ele vetava legislação que tentaria restringir o uso de suplementos para a melhoria do desempenho por atletas em idade escolar.
Um fantástico conflito de interesses. Schwarzenegger se vergou às pressões e abriu mão do contrato.
Há outras notícias nada fantásticas para o governador: sua popularidade despencou, suas reformas não emplacam e ele enfrenta lobbies de muito muque, como o sindicato dos professores, que o acusam de ter renegado promessa de dar verbas adicionais para as escolas.
Fantástico é um termo favorito de Schwarzenegger, o que faz sentido diante do seu otimismo inabalável e narcisismo obsessivo.
O termo também é título da biografia escrita por Laurence Leamer. Ele é um veterano biógrafo, que teve acesso ao círculo íntimo de poder, familiar e pessoal do governador.
Houve cooperação direta de Schwarzenegger, que deu três longas entrevistas para Leamer, mas o resultado não é nenhuma idolatria musculosa.
Lá estão os momentos altos (como a fantástica trajetória da vida do austríaco, ex-aprendiz de carpinteiro), assim como as baixarias sexuais de Conan, o bárbaro.
Há uma certa admiração pela força de Schwarzenegger e não apenas a física, mas também a de vontade. A disciplina do homem é fantástica.
Há a história clássica que ele contou nos anos 70 ao cineasta George Butler sobre o seu "plano mestre": casar com alguém de família importante, tornar-se o ator mais bem pago do mundo e se destacar na política.
Dito e feito: o filho de um policial alcoólatra e nazista ganhou centenas de milhões de dólares em Hollywood, está casado com Maria Shriver (integrante do clã Kennedy e sobrinha do ex-presidente) e governa o estado americano número 1.
Leamer é autor de uma trilogia sobre os Kennedys e tem detalhes interessantes sobre o relacionamento entre Arnold e Maria. Não foi fácil para o direitista que veio do nada vencer a resistência dos Kennedys, a coisa mais próxima que os americanos têm de realeza e que ainda por cima representam nobres ideais liberais.
Maria era contra a candidatura do marido, mas na campanha acabou tendo um papel crucial, especialmente para neutralizar o escândalo que explodiu em outubro de 2003, seis dias antes da eleição, quando o jornal "Los Angeles Times" publicou reportagem com denúncias de assédio sexual contra Arnold, feitas por seis mulheres.
Protetora do marido, Maria também contém seus impulsos mais vulgares. Ela pessoalmente vetou uma piada que Schwarzenegger queria incluir no seu discurso na convenção presidencial republicana no ano passado sobre o peso do tio dela, o senador Ted Kennedy.
Além do talento autopromocional, Arnold tem uma fantástica capacidade para aprender.
Ele disse para Leamer: "Eu me considero uma esponja. Sou extremamente bom para absorver informação". Isto sempre foi feito não através de livros, mas de mentores.
O primeiro foi Alfred Gerstl, um médico judeu em Graz, a cidade natal de Schwarzenegger, definido por ele como "meu segundo pai".
Mais tarde, claro, o mentor foi Ronald Reagan, o ator de Hollywood que se tornou governador da Califórnia e muito mais.
O livro de Leamer perde o vigor no relato da atuação de Schwarzenegger como governador e obviamente o biógrafo não teve tempo de dar detalhes sobre o desgate dos últimos meses.
Quando for atualizada, será uma biografia fantástica.
FANTASTIC
Laurence Leamer
St. Martin's Press, 421 páginas, US$ 24.95
Continua...
O governador da Califórnia sujou ainda mais sua reputação quando se descobriu que tinha um contrato de até US$ 8 milhões com revistas de musculação ao mesmo tempo em que ele vetava legislação que tentaria restringir o uso de suplementos para a melhoria do desempenho por atletas em idade escolar.
Um fantástico conflito de interesses. Schwarzenegger se vergou às pressões e abriu mão do contrato.
Há outras notícias nada fantásticas para o governador: sua popularidade despencou, suas reformas não emplacam e ele enfrenta lobbies de muito muque, como o sindicato dos professores, que o acusam de ter renegado promessa de dar verbas adicionais para as escolas.
Fantástico é um termo favorito de Schwarzenegger, o que faz sentido diante do seu otimismo inabalável e narcisismo obsessivo.
O termo também é título da biografia escrita por Laurence Leamer. Ele é um veterano biógrafo, que teve acesso ao círculo íntimo de poder, familiar e pessoal do governador.
Houve cooperação direta de Schwarzenegger, que deu três longas entrevistas para Leamer, mas o resultado não é nenhuma idolatria musculosa.
Lá estão os momentos altos (como a fantástica trajetória da vida do austríaco, ex-aprendiz de carpinteiro), assim como as baixarias sexuais de Conan, o bárbaro.
Há uma certa admiração pela força de Schwarzenegger e não apenas a física, mas também a de vontade. A disciplina do homem é fantástica.
Há a história clássica que ele contou nos anos 70 ao cineasta George Butler sobre o seu "plano mestre": casar com alguém de família importante, tornar-se o ator mais bem pago do mundo e se destacar na política.
Dito e feito: o filho de um policial alcoólatra e nazista ganhou centenas de milhões de dólares em Hollywood, está casado com Maria Shriver (integrante do clã Kennedy e sobrinha do ex-presidente) e governa o estado americano número 1.
Leamer é autor de uma trilogia sobre os Kennedys e tem detalhes interessantes sobre o relacionamento entre Arnold e Maria. Não foi fácil para o direitista que veio do nada vencer a resistência dos Kennedys, a coisa mais próxima que os americanos têm de realeza e que ainda por cima representam nobres ideais liberais.
Maria era contra a candidatura do marido, mas na campanha acabou tendo um papel crucial, especialmente para neutralizar o escândalo que explodiu em outubro de 2003, seis dias antes da eleição, quando o jornal "Los Angeles Times" publicou reportagem com denúncias de assédio sexual contra Arnold, feitas por seis mulheres.
Protetora do marido, Maria também contém seus impulsos mais vulgares. Ela pessoalmente vetou uma piada que Schwarzenegger queria incluir no seu discurso na convenção presidencial republicana no ano passado sobre o peso do tio dela, o senador Ted Kennedy.
Além do talento autopromocional, Arnold tem uma fantástica capacidade para aprender.
Ele disse para Leamer: "Eu me considero uma esponja. Sou extremamente bom para absorver informação". Isto sempre foi feito não através de livros, mas de mentores.
O primeiro foi Alfred Gerstl, um médico judeu em Graz, a cidade natal de Schwarzenegger, definido por ele como "meu segundo pai".
Mais tarde, claro, o mentor foi Ronald Reagan, o ator de Hollywood que se tornou governador da Califórnia e muito mais.
O livro de Leamer perde o vigor no relato da atuação de Schwarzenegger como governador e obviamente o biógrafo não teve tempo de dar detalhes sobre o desgate dos últimos meses.
Quando for atualizada, será uma biografia fantástica.
FANTASTIC
Laurence Leamer
St. Martin's Press, 421 páginas, US$ 24.95
Continua...