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Causa de explosão de nave de 'turismo espacial' só deve sair em um ano

Destroços da aeronave da Virgin Galactic, que explodiu durante um voo teste, são encontrados em Cantil, na Califórnia (EUA) - Lucy Nicholson - 1º.nov.2014 - /Reuters
Destroços da aeronave da Virgin Galactic, que explodiu durante um voo teste, são encontrados em Cantil, na Califórnia (EUA) Imagem: Lucy Nicholson - 1º.nov.2014 - /Reuters

02/11/2014 07h33

A investigação sobre o acidente com a nave espacial da Virgin Galactic que explodiu sexta-feira no deserto de Mojave, na Califórnia, pode levar cerca de um ano, disse Christopher Hart, chefe da agência de segurança de transportes dos Estados Unidos.

Hart afirmou, porém, que a Virgin Galactic está autorizada a fazer mais voos de teste, enquanto a investigação está em andamento.

As autoridades já iniciaram as investigações para descobrir o que causou a explosão da SpaceShipTwo, projeto precursor de "turismo espacial".

A explosão da SpaceShipTwo matou um dos pilotos - Michael Alsbury, de 39 anos - e deixou o outro gravemente ferido.

'Bem documentado'

Uma equipe da National Transportation Safety Board (NTSB ou Diretoria Nacional de Segurança em Transportes, em tradução livre) chegou ao Mojave no sábado e foi para o local da explosão.


"Este foi um voo de teste e voos de teste são, tipicamente, muito bem documentados em termos de dados", disse Hart.

Ele afirmou que o trabalho da equipe vai incluir exames detalhados de todos os dados disponíveis, trabalhos no local da queda e entrevistas com testemunhas.

O trabalho no local vai durar uma semana. O resultado das investigações, porém, só deve ser conhecido "em mais ou menos 12 meses".

Os destroços da aeronave estão espalhados pelo deserto de Mojave, a nordeste de Los Angeles. A polícia isolou a área, pois há o temor de que partes da nave possam explodir.

'O que saiu errado'

O bilionário britânico Richard Branson, dono da Virgin Galactic, também chegou neste sábado ao deserto da à Califórnia e afirmou que não vai continuar com o projeto "às cegas", mas está "determinado a descobrir o que deu errado" e aprender com a tragédia.

Em entrevista à BBC, concedida na Base Espacial de Mojave, onde a nave estava sendo desenvolvida, Branson disse que "ninguém subestima os riscos envolvidos na viagem espacial".

Ele afirmou, ainda, que acidentes nas primeiras tentativas do homem de desenvolver a aviação comercial não impediram que o meio de transporte se tornasse o mais seguro.

"Devemos a nossos pilotos de testes descobrir o que saiu errado e, quando descobrirmos, poderemos superar isto e vamos garantir que o sonho continue", disse o bilionário.

Segundo Branson, a Virgin Galactic e os parceiros no projeto estão "realizando um amplo programa de testes há muitos anos e a segurança sempre foi a prioridade número um".

O plano original da Virgin Galactic era lançar o primeiro voo sub-espacial a partir do ano que vem. Mais de 700 pessoas já tinham feito reservas, apesar do preço altíssimo da passagem - cerca de R$ 625 mil.

'Anomalia grave'

A SpaceShipTwo estava realizando o primeiro voo teste em nove meses quando explodiu logo depois da decolagem perto da cidade de Bakersfield.

Em uma declaração, a companhia afirmou que a SpaceShipTwo pasou por uma "anomalia grave" depois de se separar da aeronave WhiteKnightTwo, a aeronave lançadora.

A WhiteKnighTwo pousou sem problemas.

Depois do incidente, surgiu a informação de que a aeronave estava usando um novo tipo de combustível, nunca testado antes, apesar de as autoridades terem afirmado que este combustível passou por muitos testes em solo.

De acordo com o editor de ciências da BBC, David Shukman, mesmo quando a causa do acidente for descoberta, este será um grande problema para a Virgin, "uma companhia que tentava ser a pioneira em um novo setor, turismo espacial. Confiança é tudo e isto não vai estimular a longa lista de celebridades e clientes milionários esperando pelo primeiro voo".

Branson seria passageiro da viagem inaugural, mas celebridades como o cantor Justin Bieber e o ator Leonardo Di Caprio teriam entrado na fila, segundo o jornal Los Angeles Times.