iPhone X: 10 momentos-chave na evolução dos smartphones até o novo lançamento da Apple
O lançamento do novo iPhone X, a edição que comemora o 10º aniversário do smartphone, já é considerada a maior atualização única desde que o aparelho chegou ao mercado.
Além do design renovado - que, com sua "tela infinita", aposenta o clássico botão home - e novidades como um sistema de identificação com reconhecimento facial, o iPhone X também chama a atenção pelo preço salgado (a partir de US$ 999 nos EUA, onde começa a ser vendido a partir de novembro).
Para quem estiver disposto a gastar, mas não tanto, a Apple também lançou os iPhones 8 e 8 Plus, uma atualização de seus modelos de ponta anteriores, os iPhones 7 e 7 Plus. Com preço a partir de US$ 699 e venda a partir do próximo dia 22 nos EUA, os aparelhos têm entre seus diferenciais em relação às versões anteriores o corpo, que volta a ser de vidro pela primeira vez desde o iPhone 4S, e um sistema de carregamento sem fio.
Para marcar a ocasião, escolhemos 10 momentos-chave que influenciaram o lançamento desta terça-feira:
1. 2004: nasce o projeto Purple
Após o sucesso do primeiro iMac e depois do iPod, a Apple começou a desenvolver um tablet para ser seu próximo produto inovador.
Mas durante um almoço, o ex-chefe do sistema iOS, Scott Forstall, teve uma conversa crucial com o líder da companhia, Steve Jobs.
"Nós dois estávamos usando nossos telefones e os odiando", contou ele em uma palestra no início deste ano. "Olhamos em volta e, assim como a gente, todos ao redor tinham um celular e pareciam muito angustiados enquanto os usavam."
"Steve disse: 'você acha que podemos usar esse demo que estamos fazendo do tablet e a (tecnologia) multitoque e encolhê-lo para algo... pequeno o suficiente para caber no seu bolso?"
Isso levou os engenheiros da Apple a criarem um aplicativo básico de contatos que ficou restrito a um canto da tela de exibição do protótipo do tablet.
"No momento em que (Jobs) viu essa demo, sabia que era aquilo", disse Forstall. "Não havia dúvida: aquela era a maneira como um telefone tinha que se comportar."
Como documentos judiciais revelariam mais tarde, em agosto de 2005 os designers industriais da Apple criaram um conceito batizado de Purple ("púrpura" em inglês) - reconhecido como a base para o iPhone, que seria lançado dois anos depois.
2. Julho de 2008: primeiros aplicativos do iOS App Store são lançados
Hoje há mais de dois milhões de aplicativos disponíveis para o sistema operacional iOS, e a maioria dos donos de iPhones tem várias páginas e pastas cheias desses programas em seus aparelhos.
Mas por meses após o lançamento do primeiro iPhone não havia quantidade de aplicativos suficiente para preencher nem sequer uma única tela.
Isso ocorreu porque desenvolvedores terceiros inicialmente foram limitados apenas à criação de softwares que funcionavam no navegador de internet do dispositivo - Steve Jobs acreditava que cuidar de um mercado de aplicativos seria muito complicado.
Levou mais de um ano para a App Store ser lançada. E a história foi feita no dia 9 de julho de 2008, quando a Apple colocou no ar um punhado de aplicativos, se antecipando ao mercado que abria, então, as suas portas virtuais.
Entre os apps estava o Moo - um simulador de som de vaca -, da desenvolvedora Erica Sadun, de Denver.
"Eu vim da comunidade jailbreak (na qual os desenvolvedores modificam aparelhos para conseguir adicionar recursos), que fez muita pressão sobre a Apple para que tivesse sua própria loja", disse ela.
"A App Store revolucionou completamente a forma como os desenvolvedores independentes poderiam criar negócios, monetizar seus produtos e apresentá-los a uma comunidade de pessoas que era maior do que ninguém jamais sonhou."
"Ela (a Apple) criou uma corrida do ouro que não acho que voltaremos a ver."
3. Setembro de 2008: rival HTC Dream chega ao mercado
Pode soar fantasioso agora, mas houve um tempo em que o executivo-chefe do Google também fazia parte do conselho de diretores da Apple.
Eric Schmidt não se demitiu do posto até 2009, mas seus dias ficaram contados assim que o primeiro comercial de um celular com o sistema Android foi anunciado.
O HTC Dream oferecia recursos que ainda faltavam no iPhone, como o copiar e colar, o Google Street View e mensagens multimídia.
E enquanto as avaliações sobre ele eram mornas - sugerindo que era "mais adequado para iniciantes" - elas reconheceram o potencial de uma plataforma para smartphones mais aberta que o iOS.
Curiosamente, o Dream era teoricamente capaz de suportar gestos multitoque - reconhecendo quantos dedos estavam em contato com a tela -, mas o recurso estava desativado. Isso provavelmente ocorreu porque a Apple tinha patenteado a tecnologia.
Quando a HTC adicionou o recurso a um aparelho de testes, em 2010, Steve Jobs ficou enfurecido.
"Eu vou destruir o Android porque ele é um produto roubado", disse ele posteriormente ao seu biógrafo Walter Isaacson.
"Estou disposto a causar uma guerra termonuclear por isso."
4. Fevereiro de 2010: aplicativo Siri é lançado pela SRI
Hoje a Apple gasta milhões fazendo anúncios estrelados pela Siri ao lado de celebridades como Dwayne "The Rock" Johnson.
Mas quando a assistente virtual foi lançada pela primeira vez no iOS, era apenas um aplicativo pouco conhecido de um instituto de pesquisa californiano obscuro, que havia sido parcialmente financiado pelo Pentágono.
Seu modelo de negócios era cobrar de restaurantes e promotores de eventos uma taxa por reservas controladas por voz - e o plano era lançar versões para Android e Blackberry.
Mas isso mudou dois meses após seu lançamento, quando a Apple comprou a tecnologia por mais de US$ 200 milhões.
O aplicativo permaneceu na App Store até outubro de 2011, quando recebeu uma versão atualizada e tornou-se uma característica exclusiva do recém-lançado iPhone 4S.
5. Junho de 2010: o primeiro iPhone selfie
Quando o iPhone 4 foi lançado, as avaliações na imprensa citavam a adição de uma câmera frontal destacando seu uso para chamadas de vídeo, e não a possibilidade de fazer de autorretratos.
Isso talvez fosse compreensível. Embora a palavra "selfie" já tivesse sido inventada, ainda não era comum.
Mas mesmo que o iPhone 4 não fosse o primeiro aparelho a apresentar uma câmera em ambos os lados - a Sony Ericsson fez isso em 2003 -, podemos dizer que ele foi uma força motriz no surgimento da cultura da selfie.
"O iPhone 4 foi importante, pois você tinha um dispositivo que era muito fácil de usar, uma grande faixa demográfica de adolescentes com acesso a ele e uma explosão de aplicativos", disse Charles Arthur, autor do livro Digital Wars.
"É um exemplo clássico de consequências não intencionais", afirmou ele.
"Agora, a selfie substituiu o autógrafo. Veja as pessoas em qualquer evento onde encontram estrelas: estão sempre tentando tirar uma selfie com elas."
6. Outubro de 2011: a morte de Steve Jobs
Quando Tim Cook - em vez de Steve Jobs - revelou o iPhone 4S em 4 de outubro de 2011, ele enfrentou críticas por sua atuação. A BBC até o chamou de "enfadonho".
O que não era evidente na época era que Cook devia estar ciente de que seu mentor e amigo Steve Jobs estava perto da morte. Ele morreu no dia seguinte.
É provável que a Apple teria entrado em colapso se Jobs não tivesse retornado em 1997 à empresa que ele ajudou a fundar. O que significa que nunca haveria um iPhone.
E se ele não tivesse permanecido na Apple, é possível que os engenheiros da empresa teriam buscado um design de celular baseado na roda de cliques do iPod.
O fato é que desde a sua morte a Apple não lançou um produto que chegasse perto de atingir o nível de sucesso do iPhone, e alguns questionam se isso um dia acontecerá.
A última aparição pública de Jobs foi no Conselho da Cidade de Cupertino em junho de 2011, quando ele pediu permissão para a Apple construir uma nova sede.
Os novos iPhones revelados nesta quarta-feira foram os primeiros produtos lançados no novo campus da empresa, dentro de um espaço de eventos chamado Teatro Steve Jobs.
7. Abril de 2012: Facebook compra Instagram por US$ 1 bilhão
Se fosse necessária alguma prova do impacto econômico do iPhone, a compra do Instagram a forneceu.
O aplicativo existia havia apenas 18 meses quando o negócio foi anunciado. Tinha apenas 13 funcionários e tinha sido exclusivo do iOS até a semana anterior à revelação da compra pelo Facebook.
Sua aquisição proporcionou uma bonança tanto para os investidores do Instagram quanto para outras startups relacionadas a smartphones, que buscam dinheiro do capital de risco.
Na época, muitos pensavam que o Facebook tinha pagado demais. Mas agora, com o Instagram ganhando cada vez mais dinheiro em publicidade enquanto o financiamento das mídias offline só piora, parece uma pechincha.
Outros apps que estrearam no iPhone - incluindo Uber e Airbnb - também abalaram a indústria de outras maneiras.
Ssegundo estimativas, o valor total movimentado pela economia global de aplicativos - incluindo vendas de software, publicidade e comércio - chegou a US$ 1,3 trilhão em 2016.
8. Julho 2012: a Apple compra o AuthenTec
A aquisição pela Apple de uma fabricante de chips de sensor de impressão digital por US$ 356 milhões causou um problema particular para a Samsung.
A empresa sul-coreana já estava usando os componentes da AuthenTec, da Flórida, em seus laptops e acabara de anunciar um acordo para adicionar outro de seus produtos de segurança aos seus smartphones Android.
Mas, embora a ideia de frustrar os planos de seu arquirrival provavelmente tenha tido algum apelo, o maior benefício para a Apple foi a capacidade de lançar seu sistema Touch ID no ano seguinte, no iPhone 5S.
Como observaram as avaliações na imprensa, as tentativas anteriores de introduzir a digitalização de impressões digitais para telefones tinham provado não ser "confiáveis, muitas vezes causando mais irritação do que valem", mas o novo sistema funcionou "praticamente sem falhas".
Inicialmente, o recurso foi limitado para desbloquear o telefone e fazer compras digitais na Apple. Mais tarde, porém, tornou possível para a empresa apresentar a Apple Pay e adicionar segurança a aplicativos de terceiros sem exigir o incômodo de digitar uma senha a cada vez.
9. Agosto de 2013: Steve Ballmer diz que está deixando o posto de chefe da Microsoft
Para se manter viva, uma decadente Apple aceitou em 1997 um investimento da ordem de US$ 150 milhões da Microsoft.
Anos depois, a empresa de Steve Jobs devolveu o favor ao lançar um produto que a gigante de Bill Gates primeiro não conseguiu entender - e depois teve de correr atrás.
O então presidente-executivo da Microsoft, Steve Ballmer, riu das perspectivas sobre o iPhone quando ouviu falar dele.
"É o telefone mais caro do mundo e não tem apelo para clientes empresariais, porque não possui teclado", disse ele em 2007.
Seis anos depois, Ballmer anunciou a aquisição da Nokia por 5,4 bilhões de euros (US$ 6,5 bilhões) em uma tentativa de recuperação, para em 2015 ser afastado e ver seu sucessor finalmente admitir que o Windows Phone era um fracasso.
A ironia é que, se a participação da Microsoft na Apple não tivesse sido vendida pelo próprio Ballmer, valeria agora mais de US$ 40 bilhões - e ele poderia compartilhar do seu sucesso.
"Como muitas outras pessoas, Steve Ballmer subestimou completamente o impacto do iPhone", disse Ben Wood, da consultoria CCS Insight.
"Seu desdém arrogante certamente voltou para assombrá-lo."
10. Julho 2016: Pokémon Go é lançado
A febre do Pokémon Go já passou faz algum tempo - hoje é mais fácil que o aplicativo chegue às manchetes por seus eventos malsucedidos do que pelos avistamentos de monstros raros.
Mas seu legado tem provado que aplicativos de realidade aumentada (AR, na sigla em inglês) - nos quais os efeitos gráficos surgem em meio ao mundo real - podem ter apelo de massa.
A AR surgiu em 2009 no iPhone, quando um desenvolvedor francês criou um aplicativo que mostrava lojas próximas e outros pontos de interesse em Paris.
Tudo pode mudar agora com o lançamento iminente do iOS 11, que inclui o ARKit - software que torna mais fácil para os desenvolvedores ancorar gráficos no mundo real e considerar as condições de iluminação.
As demos já lançadas têm impressionado, especialmente uma versão do PacMan em que você pode caminhar pelo famoso labirinto.
A questão que permanece é se os usuários ficarão satisfeitos experimentando essa possibilidade em seus iPhones ou se a Apple se sentirá compelida a lançar um headset para deixá-los com as mãos livres.
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