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Carla Araújo

REPORTAGEM

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Bolsonaro diz que vai ao debate, mas parte da campanha pede ausência

Auxiliares de Bolsonaro avaliavam os prós e contras de sua participação no debate, que acontece no domingo (28) - Alan Santos/PR
Auxiliares de Bolsonaro avaliavam os prós e contras de sua participação no debate, que acontece no domingo (28) Imagem: Alan Santos/PR

26/08/2022 14h01Atualizada em 26/08/2022 15h07

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Enquanto na campanha e dentro do governo a maior parte dos auxiliares aconselha o presidente Jair Bolsonaro (PL) a não participar do debate no próximo domingo (28), ainda há suspense sobre sua ida ou não —a menos de 48 horas do encontro entre os candidatos, que será promovido pelo UOL em parceria com Band, Cultura e Folha.

Nos últimos dias, auxiliares de Bolsonaro avaliavam os prós e contras de sua participação. Desde o início, Bolsonaro era aconselhado pela ala ideológica a faltar dos debates, mas a ala política dizia ao presidente que era preciso tomar cuidado para não passar a imagem de "fuga".

Só hoje, em poucas horas, a coluna se deparou com três versões:

  • No início da tarde, uma fonte próxima ao presidente chegou a dizer que o martelo estava batido e que Bolsonaro não iria.
  • Outra fonte contou que ele pediu as regras do debate, mais cedo, e que ainda não tinha decidido.
  • Pouco depois, no entanto, em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan, Bolsonaro sinalizou que pretende ir --mas disse que não bateu o martelo.

Devo estar no domingo. Não estou batendo o martelo. Em um momento, achei que não devia ir, mas eu acho que vou. Vou ser fuzilado, vão atirar em mim o tempo todo."
Jair Bolsonaro (PL), no programa Pânico

Nas conversas entre membros da campanha e do governo, o próprio presidente diz a aliados que quer debater com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e teme as críticas de que a ausência possa parecer algum tipo de medo de se expor.

O fato é que nos últimos dias, a ala política (que ganhou o reforço do ministro da Economia, Paulo Guedes) passou a entender que a exposição de Bolsonaro neste momento poderia prejudicá-lo mais do que beneficiá-lo.

Isso porque, de acordo com auxiliares, como presidente em exercício, Bolsonaro seria alvo preferencial de todos os concorrentes. E que o ideal seria apenas debater com Lula.

Risco do efeito Ciro

Aliados também afirmam que o desempenho do candidato Ciro Gomes (PDT) no Jornal Nacional pode representar uma ameaça a Bolsonaro. No balanço feito por integrantes da campanha, Ciro se mostrou preparado e com potencial de provocar o presidente.

Segundo uma fonte, o temperamento de Ciro mais agressivo poderia fazer Bolsonaro cair em provocações, o que o prejudicaria.

Apesar disso, há quem diga que, caso Bolsonaro não vá ao debate de domingo, o suspense para os próximos debates do primeiro turno continuam. De acordo com uma fonte, se na reta final da eleição Bolsonaro estiver em dificuldades, precisando encostar em Lula, pode ser que ele compareça.

Lula lá na frente

Integrantes da ala política, que hoje aconselham Bolsonaro a não comparecer ao debate, contam com a crença de que Bolsonaro e Lula estarão no segundo turno e o confronto entre os dois irá acontecer ao menos na reta final das eleições.