Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Tebet joga no colo de Lula futura crise na equipe
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
À sua maneira, Simone Tebet imunizou-se contra a radioatividade da divergência teórica que a separa de Fernando Haddad. Declarou no discurso de posse que preferia assumir uma tarefa social no governo. Convidada a chefiar o Planejamento, recordou a Lula que diverge do petismo em matéria econômica. O presidente respondeu que deseja a divergência, para que as diferenças se somem. Ao iluminar os bastidores, Simone colocou futuras encrencas no colo de Lula.
Formou-se na área econômica um quarteto. Os outros dois são Geraldo Alckmin (Indústria) e Esther Dweck (Administração). Numa visão simplificadora, Simone encarnaria a retranca liberal. Haddad e sua equipe na Fazenda representariam o que se convencionou chamar de desenvolvimentismo. O tempo passa e essa dicotomia sempre volta.
Sob Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, Pedro Malan chefiou a Fazenda por oito anos. Mediu forças com o tucanato nos bastidores em defesa da primazia da higidez fiscal. Numa ocasião, Clóvis Carvalho, então ministro do Desenvolvimento, achou que seria uma boa ideia expor suas divergências sob refletores.
Carvalho declarou num evento público que "apressar o passo na retomada do crescimento da economia não trará o Apocalipse. O excesso de cautela, a essa altura, será outro nome para a covardia". Malan observou a cena em silêncio. Dois dias depois, Clóvis Carvalho estava no olho da rua.
Hoje, Simone e Haddad encontram no compromisso de "colocar o pobre dentro do Orçamento" um espaço mínimo para a atuação conjunta. Talvez divirjam sobre a maneira de atingir o objetivo. Lula providenciará para que a soma das diferenças não altere o seu projeto.
A história mostra que, diante da necessidade de arbitrar conflitos, Lula fica sempre do lado de Lula. Ou seja: havendo crise, Haddad prevaleceria sobre Simone. No gogó, a frente é ampla. No funil de 2026, Lula e o PT continuam sendo hegemônicos.
Seja o primeiro a comentar
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.