PCC e CV selam paz após conflito iniciado em 2016 com execução no Paraguai
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Depois de nove anos de conflitos sangrentos nas ruas e nas prisões do Brasil, com dezenas de baixas dos dois lados, líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital) e do CV (Comando Vermelho) decidiram selar a paz, ao menos momentaneamente, em todo o território nacional.
As duas organizações criminosas divulgaram "salves" (comunicados) alertando seus "associados" que, desde o último dia 11, os ataques entre integrantes de uma facção contra a outra estão proibidos em todo o país, "até segunda ordem".
A reportagem teve acesso aos "salves". Em São Paulo, o comunicado divulgado pelo PCC diz que "a organização está em acordo com o Comando Vermelho". Outro trecho informa que "está proibido qualquer tipo de morte em todos os estados". A mensagem é encerrada com os seguintes dizeres: "A paz está de acordo. Até ordens vindas de cima".
O "salve" do CV diz que a partir do dia 11 "está brecado qualquer tipo de ataque contra o PCC até segunda ordem". O comunicado ressalta que "a casa maior (liderança da facção) está em negociação de paz, lembrando que não é nada certo, mas por enquanto está brecado qualquer tipo de ataque.
Governo federal confirma trégua
A trégua entre as duas facções foi confirmada pela Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais), órgão subordinado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, após monitorar, com autorização judicial, conversas entre líderes do PCC com advogados na Penitenciária Federal de Brasília.
Segundo o serviço de inteligência da Senappen, a trégua do PCC com o CV prevê a "criação de um escritório de advogados das duas facções em São Paulo e no Rio de Janeiro para defender melhorias aos prisioneiros recolhidos nas penitenciárias federais.
A reportagem teve acesso ao relatório de três páginas da Senappen com detalhes das conversas monitoradas. Uma dos diálogos é entre Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo do PCC, com um advogado.
Marcola foi informado que "os dois escritórios estariam trabalhando juntos" e questiona o advogado se "os membros do PCC e CV vão fazer um abaixo-assinado com um milhão de assinaturas para beneficiar principalmente as lideranças custodiadas em penitenciárias federais".
Autoridades preocupadas
Em outra conversa, o preso Reinaldo Teixeira dos Santos, o Funchal, condenado a 66 anos, sendo 30 anos pelo assassinato do juiz Antônio José Machado Dias, de Presidente Prudente (SP), diz defender o acordo de paz, "respeitando a regionalidade e particularidade que distinguem as duas facções".
O interno Antônio José Muller Júnior, outro líder do PCC, recebeu as visitas de duas advogadas em datas distintas e contou ter sido informado que a disposição da unificar o corpo jurídico entre as duas facções teria partido do CV e concordou em estabelecer uma "trégua sem confusão".
A paz entre PCC e CV preocupa as autoridades. Um dos artigos do estatuto do grupo paulista menciona que as duas organizações unidas seriam o o braço armado da população carcerária e o terror dos poderosos, opressores e tiranos, como divulgou esta coluna.
Origem da guerra
O conflito entre o PCC e CV começou em 16 de junho de 2016, quando Jorge Rafaat foi assassinado com tiros de metralhadora ponto 50 em Pedro Juan Caballero, no Paraguai, na fronteira com a cidade de Ponta Porã, no Mato Grosso do UL. A vítima fornecia drogas e amas às duas facções.
Meses depois, a guerra se estendeu às ruas e prisões de vários estados brasileiros. Em 16 de outubro de 2016, presos do PCC mataram dez integrantes da FDN (Família do Norte), aliada ao CV, na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista (RR).
Poucas horas depois, oito presos do PCC foram asfixiados durante um incêndio causado por presidiários da FDN na Penitenciária Ênio dos Santos Pinheiro, em Porto Velho (RO).
Em 1.º de janeiro de 2017, 56 detentos do PCC foram assassinados por integrantes da FDN em uma rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus (AM). Após a rebelião o governo do estado transferiu 284 presos do PCC para uma cadeia pública na capital.
Em 6 de janeiro de 2017, membros do PCC executaram aproximadamente 33 integrantes da FDN na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista (RR). Oito dias depois, 26 presos do SDC (Sindicato do Crime), aliado do CV, foram mortos por presos do PCC na Penitenciária de Alcaçuz, em Natal (RN).
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