Josmar Jozino

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Reportagem

Caso Gritzbach: MP denuncia 2 delegados e mais 6 policiais civis delatados

O MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) denunciou à Justiça dois delegados, seis investigadores da Polícia Civil e a mulher de um deles, um advogado e dois empresários delatados por Vinícius Gritzbach, morto a tiros em 8 de novembro de 2024 no aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo.

O delegado Fabio Baena Martin foi denunciado por peculato, corrupção e organização criminosa e o delegado Alberto Pereira Matheus Júnior por lavagem de dinheiro e corrupção. O MP-SP pediu ainda a suspensão do exercício da função pública de Matheus Júnior e o pagamento de fiança no valor de R$ 100 mil no prazo de cinco dias.

O investigador Eduardo Lopes Monteiro foi denunciado por lavagem de dinheiro, organização criminosa, corrupção e peculato.

Os investigadores Marcelo Ruggeri, o Xará e Marcelo Marques Souza foram denunciados por lavagem de dinheiro e organização criminosa e o investigador Rogério de Almeida Felício, o Rogerinho, por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

O MP-SP denunciou o investigador Valdenir Paulo de Almeida. o Xixo, por organização criminosa e corrupção e o investigador Valmir Pinheiro, o Bolsonaro por organização criminosa.

O advogado Ahmed Hassan Saleh, o Mudi, foi denunciado por lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e organização criminosa e os empresários Robinson Granger de Moura, o Molly, e Ademir Pereira de Andrade por lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Outro investigador já havia sido denunciado

Marcelo Bombom já havia sido denunciado, no último dia 10, em outro inquérito, por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. No apartamento dele policiais federais encontraram R$ 724.874,68 em espécie —incluindo dólares e euros— além de uma lista de cobrança de propinas praticadas contra comerciantes, a maioria do Tatuapé, na zona leste da capital.

Sete dos denunciados foram presos pela Polícia Federal em 17 de dezembro do ano passado, durante a Operação Tacitus. Todos foram delatados por Gritzbach por suposto envolvimento com o PCC (Primeiro Comando da Capital). O agente Rogerinho se entregou dias depois.

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Gritzbach disse ter sido extorquido por Baena. A vítima declarou que o delegado e Eduardo, quando atuavam no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), exigiram dele R$ 40 milhões para tirar seu nome de um inquérito em que era investigado por envolvimento em um duplo assassinato de narcotraficantes do PCC.

Se forem condenados, os policiais civis correm o risco de perderem o cargo e de serem expulsos da corporação. Os denunciados devem ter todos os bens bloqueados.

Danielle Bezerra dos Santos, mulher do policial civil Rogerinho, foi denunciada por lavagem de dinheiro e organização criminosa. O MP-SP também pediu a prisão preventiva dela.

Segundo a Polícia Federal, ela era casada com um integrante do PCC e se reunia e tinha ligações com líderes da facção criminosa, como Janeferson Aparecido mariano Gomes, o Nefo, acusado de planejar o sequestro do senador Sérgio Moro e do promotor de Justiça Lincoln Gakiya. Nefo foi assassinado em junho de 2024 na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP).

O MP-SP requereu ainda o confisco de R$ 40 milhões dos denunciados e a manutenção de medidas cautelares já impostas pelo Poder Judiciário.

Denunciados alegam inocência

Análises dos telefones celulares apreendidos com os presos indicam que eles formaram organização criminosa e cometeram diversos crimes. Os delatados, porém, alegam inocência. Marcelo Bombom chegou a dizer que até ajoelharia, se preciso fosse, para provar que é vítima de injustiça.

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Os advogados de Fábio Baena e Eduardo Lopes afirmam que a PF não analisou os pedidos de produção de provas solicitados pela defesa. Os defensores Daniel Bialski e Bruno Borragine acrescentam que Gritzbach era um "mitômano e criminoso confesso".

Segundo os defensores, "a Polícia Federal, abusivamente, preferiu indiciar todos os investigados, de maneira genérica, sem qualquer individualização, e sem que existissem indícios do cometimento de qualquer crime".

A reportagem não conseguiu contato com as defesas dos demais denunciados, mas o espaço continua aberto para manifestações. O texto será atualizado se houver posicionamento.

Entre os denunciados, apenas o delegado Alberto Pereira Matheus e Danielle Bezerra dos Santos não estão presos. Os demais tiveram a prisão temporária convertida em preventiva pela Justiça de São Paulo.

Gritzbach foi assassinado oito dias antes de delatar o delegado e os investigadores à Corregedoria da Polícia Civil. Três PMs acusados de participação direta no homicídio dele estão presos no Presídio Militar Romão Gomes. Dois homens apontados como mandantes do crime e um olheiro que avisou aos atiradores o exato momento em que a vítima deixava o saguão do aeroporto, seguem foragidos.

Reportagem

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