São Paulo: gestão Doria-Covas diminui violência, mas falha na saúde
A gestão atual da Prefeitura de São Paulo, iniciada com João Doria (PSDB) e prestes a terminar sob comando de Bruno Covas (PSDB), teve destaque para a redução de homicídios na cidade e para o aumento de vagas de creche na educação infantil.
Apresentou ligeira melhoria nos resultados de Saúde, com a evolução de cobertura populacional para políticas de Equipes Saúde da Família. Porém, apresentar 40% de cobertura para o programa, é um indicador ruim para a cidade do porte de São Paulo.
Desafios de necessidades básicas ainda prevalecem para uma cidade de números superlativos. São Paulo possui uma população equivalente à de Vitória, capital capixaba, sem serviço de esgoto adequado. São 356 mil habitantes de zona urbana. Um total de pessoas que está escondido por uma boa taxa relativa, pois 96,3% da população paulistana está atendida neste quesito.
Ainda sobre pontos na educação, houve estagnação da qualidade no ensino fundamental II. De cada 100 jovens no 9º ano, apenas 12 sabem o mínimo adequado em matemática.
Temos outro número que chama atenção na cidade mais rica do Brasil. São 1.172 óbitos de crianças com menos de 1 ano de causas consideradas evitáveis. Vidas que acabam escondidas em uma taxa de mortalidade infantil de 11,04 a cada mil nascidos vivos, média abaixo da nacional. Veja a seguir a análise detalhada.
Violência
A taxa de homicídios em São Paulo teve uma expressiva queda na gestão Doria-Covas. Sem dúvidas é o maior destaque da análise de dados.
De 10,1 homicídios para cada 100 mil habitantes em 2016, a taxa foi reduzida para 4,1 para cada 100 mil habitantes em 2018. Muito distante da média nacional, de 27,8, e abaixo da média estadual de 8,1 por 100 mil habitantes.
Educação
A oferta de vagas de creches para 0 a 3 anos foi o maior destaque da gestão educacional em São Paulo.
Entre 2016 e 2019, a taxa de escolarização da população entre 0 a 3 anos passou de 45,9% para os atuais 62% na faixa etária de referência para creches.
A expansão ocorreu por meio de convênios, realizados entre a prefeitura e organizações privadas sem fins lucrativos. Ao todo, 55 mil novas vagas foram ofertadas nesta modalidade, passando de 216 mil em 2016 para as atuais 275 mil vagas de creches conveniadas, segundo o censo escolar.
O IDEB Fundamental II, para alunos do 6º ao 9º ano, passa por dificuldades e virou gargalo. Sua nota é baixa, bem longe da meta, e de 2015 para 2017, passou de 4,3 para 4,4.
A nota baixa no IDEB pode ser representada de outra forma. A avaliação de alunos com aprendizagem adequada em matemática é de 12%. Ou seja, de cada 100 alunos na escola, apenas 12 conseguiram aprender o mínimo adequado em cálculo no 9º ano. Ou ainda, 88 a cada 100 estão na escola sem o aprendizado adequado. Um desperdício colossal.
Saúde
A Saúde foi o grande calcanhar de Aquiles da gestão. Cabe lembrar que a promessa de redução de filas para exames, como Corujão da Saúde, não se concretizou, segundo o Tribunal de Contas do Município.
A Cobertura Equipe Saúde da Família aumentou ligeiramente, de 34,26% em 2016 para 40,53%, em 2020. Resultado inferior do que Florianópolis, com 90,2%, Vitória com 78,9%, ou Rio de Janeiro, com 43,6%.
A Estratégia Saúde da Família (ESF) é composta por equipe multiprofissional que possui, no mínimo, médico generalista ou especialista em saúde da família ou médico de família e comunidade, enfermeiro generalista ou especialista em saúde da família, auxiliar ou técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde (ACS).
O reflexo da falta de resultados na saúde gera distorções na cidade. Como exemplo, São Paulo possui uma taxa de mortalidade infantil de 11,04 óbitos por mil nascidos vivos. É uma taxa abaixo de Brasil, porém que podia ser inferior, pois 64,22% dos óbitos de menores de 1 em 2018 foram identificados como causas evitáveis. Isso dá o total de 1.172 vidas que poderiam ter sido salvas em um ano.
Uso do solo
São Paulo aparenta ter superado problemas de acesso à água e saneamento em seu território. A taxa de cobertura de acesso à água é de 99,3% da população, enquanto a taxa de saneamento está em 96,3%.
Porém, as altas porcentagens escondem um número grande de pessoas. Seriam 84 mil pessoas sem acesso à água, o equivalente à uma cidade de médio porte no Estado.
Para o dado de saneamento, dentro de São Paulo nós teríamos uma cidade do tamanho de Vitória sem esgoto. São 356 mil pessoas que estão escondidas nos 3,7% da população urbana sem atendimento de esgoto.
A falta de saneamento adequada interfere nos indicadores de saúde. Segundo a Organização Mundial da Saúde, para cada um dólar investido em serviços de água e saneamento, há retorno de 4,3 devido aos custos reduzidos de saúde para indivíduos e sociedade e maior produtividade de trabalho.
Série Datacidades
Até as eleições de 2020, a série Datacidades estará uma vez por semana apresentando indicadores que mostram pontos positivos e negativos das gestões municipais de diversas capitais e cidades do Brasil.
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