Topo

Mauricio Stycer

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Globo pensa em si, mas não no público com "Todas as Flores" no streaming

Maíra (Sophie Charlotte) e Vanessa (Leticia Colin) em "Todas as Flores", novela do Globoplay  - Globo/Estevam Avellar
Maíra (Sophie Charlotte) e Vanessa (Leticia Colin) em "Todas as Flores", novela do Globoplay Imagem: Globo/Estevam Avellar

Mauricio Stycer

Colunista do UOL

20/10/2022 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Esta é parte da versão online da newsletter do Mauricio Stycer enviada ontem (19). Na newsletter completa, apenas para assinantes, o colunista destaca as muitas homenagens a Dias Gomes no centenário do seu nascimento, comenta o acordo entre a Globo e a TelevisaUnivision para distribuição de séries e novelas, entre os fatos "Para Lembrar" da semana, e traz dicas de leitura. Quer receber o conteúdo completo na semana que vem, com informações extras, direto no seu email? Clique aqui e se cadastre.

********

O Globoplay lançou nesta quarta-feira (19) os primeiros cinco capítulos de "Todas as Flores". A nova novela de João Emanuel Carneiro será cobaia de uma experiência importante para a plataforma de streaming da Globo. É uma estratégia que leva muito mais em conta os interesses da empresa do que os hábitos dos fãs de novelas.

Em primeiro lugar, para atender às exigências do Globoplay, ela será mais curta que uma novela tradicional - terá apenas 85 capítulos. E a plataforma vai liberar apenas cinco capítulos por semana para os assinantes. Inicialmente serão 45 capítulos, ou seja, nove semanas, até o dia 14 de dezembro. Depois, o espectador terá que aguardar até abril de 2023 para assistir à continuação, com mais 40 capítulos, também no esquema de cinco episódios por semana, até junho de 2023.

Por que a Globo decidiu fazer isso? A empresa entende que novelas têm o poder de reter os assinantes por mais tempo do que séries. Quem quiser assistir aos 85 capítulos da trama de João Emanuel Carneiro terá que assinar o Globoplay por 17 semanas não consecutivas (nove semanas mais oito semanas) ou por oito meses, sem interrupção, que é o equivalente ao tempo de duração de uma novela tradicional, com 175 capítulos.

Entre a primeira parte de "Todas as Flores" e a segunda haverá uma nova edição do "BBB", maior gerador de tráfego do Globoplay. A empresa imagina que, dessa forma, criando um "intervalo" para exibição da novela, ampliará o consumo de streaming e, eventualmente, a base de assinantes.

Em uma boa entrevista a Guilherme Ravache, Erick Brêtas, diretor de produtos e serviços digitais da Globo, confirma que a estratégia é essa. "A novela tem esse condão já que são obras mais longas. Mesmo a novela de streaming, com 50 episódios, ela é maior que uma série de 10 episódios. Então, a gente retém as pessoas por mais tempo na plataforma".

Por outro lado, Brêtas confirma que a Globo não aposta em "binge watching" (maratonas) porque essa prática, lançada pela Netflix, estimula o espectador a assinar uma plataforma por um breve período e cancelá-la depois. "Se todo mundo fizer isso, o consumidor vai começar a pular de galho em galho, depois ele volta quando começar um show que interessa a ele, uma série nova, uma nova temporada e faltará dinheiro".

Por esse motivo, o executivo assegura que "você nunca verá o Globoplay lançar 60 episódios de uma novela original de uma vez só. A gente não fará isso. Não faz sentido lançar tudo de uma vez".

****

LEIA A NEWSLETTER COMPLETA