Advogados dos filhos de Gugu registram queixa contra site por "difamação"
Indignado com o que considera "constantes e descabidas acusações caluniosas e difamatórias envolvendo a imagem de Gugu Liberato", o advogado da família do apresentador e de seu espólio, Carlos Alberto Farnesi Regina, registrou hoje um boletim de ocorrência no 78º distrito policial de São Paulo contra o jornalista Joaquim de Carvalho e o site Diário do Centro do Mundo (DCM).
Atualização: A coluna baseou o texto original em uma nota (abaixo) emitida pela assessoria de comunicação do advogado Carlos Alberto Farnesi Regina, na qual ele afirmava que abrira um processo no 78º DP contra o jornalista Joaquim de Carvalho e o site Diário do Centro do Mundo. Depois da publicação do post, Regina retificou a nota da assessoria. Disse que não abriu um processo, mas registrou um boletim de ocorrência.
O advogado se refere a uma matéria do site a respeito do processo que o DJ Leandro Kloppel Lo Frano moveu em 2012 contra Gugu, pedindo indenização por ter sido abusado sexualmente pelo apresentador desde os 13 anos, quando participou do processo de seleção de artistas que integrariam um grupo musical chamado Boomerang.
Rede de Malfeitores
Entre os muitos detalhes do processo, que correu em segredo de Justiça, o site publica declarações contundentes feitas à época pelos advogados de Leandro: "O requerido (Gugu) se utilizou do seu prestígio, que é público e notório, para, juntamente com a sua rede de malfeitores, abusar sexualmente do garoto, sob a chancela de fazê-lo mais um astro de televisão".
Ainda de acordo com a reportagem, em 2017 os advogados do DJ renunciaram ao processo, depois que Gugu concordou em pagar R$ 1 milhão de indenização — R$ 9 milhões a menos do que o pedido inicialmente — e os honorários advocatícios.
Aviso à imprensa
Regina informa que "o veículo e o jornalista foram formalmente avisados, notificados e, para todos os efeitos legais, a manutenção ou propagação desta falsa e ilegal notícia, sob sua exclusiva responsabilidade implicará, em tese, na prática de diversos ilícitos, inclusive, mas não se limitando, a vilipêndio a cadáver, calúnia, injúria, difamação, violação de sigilo judicial e eventualmente formação de bando ou quadrilha."
A coluna tentou contato com a direção do site, mas não obteve sucesso.
O advogado avisa ainda que "qualquer outro veículo de comunicação que propagar esta ou qualquer outra informação contra a memória do apresentador Gugu Liberato terá o mesmo tratamento".
Acordo de Sigilo
Procurado pelas redes sociais, Leandro Lo Frano não respondeu às mensagens. A assessoria da TV Record, onde ele participou das eliminatórias do reality show A Fazenda de Verão, em 2012, não soube informar seu contato. Leandro hoje mora na Suíça.
O advogado de Lo Frano à época, Thulio Caminhoto Nassa, diz que assinou um acordo de sigilo e que não pode falar sobre o processo "sob pena de multa pesada, de violar a ética profissional e até de responder a processo criminal". Mas afirma: "A única coisa que eu posso esclarecer sobre a matéria é que a informação sobre o processo na OAB contra o doutor Marcos (Rogério Teixeira, outro advogado de defesa) está errada. Ele não foi condenado e depois inocentado em recurso. Ele apenas recorreu contra a abertura do processo e ganhou o recurso."
Por sua vez, Teixeira reafirma que não falará sobre o processo, e que só lamenta que "tenha sido relatada uma condenação minha junto a OAB que nunca aconteceu": "Estou indignado com tal informação, porque denigre minha imagem como profissional".
Manobra dos bastidores
Em relação à suposta condenação de Teixeira, ela está em um trecho da matéria do DCM que relata uma parte da negociação travada entre advogados para estabelecer a indenização de Leandro. O DJ processou Gugu depois de participar da eliminatória de A Fazenda e ser excluído, segundo a matéria, "revertendo uma tendência do público". Suspeitando de que Gugu houvesse manobrado, dos bastidores, sua exclusão, o DJ procurou um advogado.
Abaixo, o que se seguiu, segundo o DCM:
"A primeira providência dos advogados Marcos Rogério Ferreira e Thúlio Caminhoto Nassa foi notificar Gugu extrajudicialmente, convidando-o para uma reunião no escritório.
A resposta veio imediatamente, através de um contato do advogado Carlos Eduardo Farnesi Regina.
Em seguida, Gugu contratou o escritório de Miguel Reale Júnior, um dos advogados que pediriam o impeachment de Dilma Rousseff.
Houve mais quatro encontros e, em um deles, integrantes da banca de Reale Júnior gravaram a reunião e usaram um trecho da conversa para tentar intimidar os defensores de Leandro.
Era uma fala em que Marcos Rogério responde a uma pergunta sobre o que Gugu teria em troca do pagamento da indenização. O advogado diz: "o silêncio".
Parece óbvio, já que as tratativas visavam resolver extrajudicialmente um caso de abuso sexual evidente. Se houvesse acordo, não haveria processo. Não havendo processo, o caso não se tornaria público.
Mas, em nome de Gugu, o escritório de Reale Junior denunciou os colegas por tentativa de extorsão.
O caso teve repercussão em duas frentes, tudo longe dos olhos e dos ouvidos do público.
O promotor Salmo Mohamri dos Santos Júnior, da 42a. Promotoria de Justiça de São Paulo, abriu um Procedimento de Investigação Criminal, o chamado PIC, e o Tribunal de Ética da OAB aceitou a denúncia.
Os advogados tinham currículo que descartam a hipótese de que fossem aventureiros. Marcos Rogério era membro da Comissão de Direitos e Prerrogativas da OAB e dono de duas escolas de preparação para concursos públicos.
Thúlio Caminhoto, além de membro da Comissão de Direito Administrativo da OAB, era professor da PUC de São Paulo.
Eles próprios apresentam seu currículo na ação que seria proposta contra Gugu alguns meses depois, em julho de 2013.
Marcos Rogério foi condenado, na primeira instância do Tribunal de Ética, à suspensão da atividade profissional por dois anos e reverteu a decisão na segunda instância, quando seus advogados lembraram os julgadores da gravidade do caso envolvendo Gugu.
Um dos presentes no julgamento conta que o que mudou seu voto foi o alerta de que se tratava de um caso de "estupro de vulnerável" — tecnicamente, talvez não seja, mas as evidências juntadas no processo são fartas no sentido de que houve abuso sexual, que pode ter afetado a personalidade de Leandro de maneira irreversível."
Atualização: A coluna baseou o texto original em uma nota emitida pela assessoria de comunicação do advogado Carlos Alberto Farnesi Regina, na qual ele afirmava que abrira um processo no 78 DP contra o
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