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Reinaldo Azevedo

Resposta a Eduardo Bolsonaro, delinquente intelectual a serviço da mentira

Eduardo Bolsonaro: deputado está acostumado a intimidar seus alvos com a arruaça de seus milicianos nas redes. Não tenho medo! - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
Eduardo Bolsonaro: deputado está acostumado a intimidar seus alvos com a arruaça de seus milicianos nas redes. Não tenho medo! Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Colunista do UOL

28/01/2020 17h28

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O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) escreveu o seguinte no Twitter a meu respeito:

"O cara que era Lava Jato F. C. até chegarem no Aécio.
Uma curiosidade que eu nunca consegui sanar era se a relação Rei-Irmã Aécio era de fonte de informações ou outro tipo de fonte? Porque depois que explanaram essa relação ele mudou da água para o vinho..."

A língua portuguesa, como de hábito, segue o padrão da família: grandes ambições de pensamento, porém com vara curta. Deixo isso pra lá agora.

O que interessa, uma vez mais, é evidenciar a mentira. Esta, na qual incorre o Vara Curta e Língua Longa (ao menos...), vivia a ser repetida por aí pelas esquerdas.

Por que o deputado não pergunta aos amigos dele do Ministério Público Federal e da PF o que acharam de suspeito sobre as minhas relações com Andrea Neves?

Aliás, quem primeiro publicou o vazamento de conversa entre jornalista e fonte, O QUE FERE A CONSTITUIÇÃO, foi o site BuzzFeed.News. Merece que o link seja publicado aqui. Lá vocês têm acesso à integra da minha conversa com Andrea Neves se interessar. Procurem um só indício de irregularidade.

O Vara-Curta põe em dúvida se eu mantinha algum outro tipo de relação com Andrea e Aécio Neves, sugerindo a existência de algo de espúrio. Bem, vocês devem supor que, se existisse indício ao menos verossímil, ainda que falso, ele já teria sido jogado no ventilador faz tempo.

É compreensível! A partir da própria experiência, tendo o pai e o irmão mais velho como seus guias morais na política, não há mesmo como o deputado Vara-Curta acreditar que as pessoas possam agir por convicção, ética, crença. Enquanto esse rapaz crescia, quem ele tinha à volta como exemplo de virtude? No ambiente familiar, Fabrício Queiroz. Já um pouco mais maduro, passou a respirar os miasmas de Ronaldo Lessa, no condomínio Vivendas da Barra. Não há como não se tornar um cínico, né?

AS DATAS
O vazamento inconstitucional de uma conversa minha com uma fonte foi terceirizado ao BuzzFeed -- já que foi outro veículo a recebê-lo originalmente -- no dia 23 de maio de 2017. A minha primeira crítica a abusos da Lava Jato -- e é evidente que eu apoiava e apoio o combate à corrupção -- é de 2014, ano de criação da operação.

Eduardo, a varinha que não faz mágica, sugere que eu só passei a ser crítico da Lava Jato e de Sergio Moro depois do vazamento ilegal de uma conversa sem nada de ilegal. É uma estupidez! Só vazaram a minha conversa porque estavam incomodados com as minhas críticas. Simples assim.

Deltan Dallagnol apresenta a denúncia contra Lula no dia 14 de setembro de 2016. Dois dias depois, em conversa com Sergio Moro, conforme revelou The Intercept Brasil, o rapazola critica a mim e ao jurista Lenio Streck. Reproduzo trecho de reportagem do site:
"Preocupado com a repercussão pública de seu trabalho - uma obsessão do procurador, como demonstra a leitura de diversas de suas conversas -, ele prossegue: 'Ainda, como a prova é indireta, 'juristas' como Lenio Streck e Reinaldo Azevedo falam de falta de provas. Creio que isso vai passar só quando eventualmente a página for virada para a próxima fase, com o eventual recebimento da denúncia, em que talvez caiba, se entender pertinente no contexto da decisão, abordar esses pontos", escreveu [Dallagnol] a Sergio Moro.

Encerro, para responder, por ora, à delinquência de Eduardo Bolsonaro com trecho de uma coluna minha na Folha de 17 de julho de 2015. A operação, então, ainda se concentrava no PT. Afirmei o seguinte sobre a Lava Jato:
Delações premiadas exibem contradições inelutáveis entre os autores e versões antagônicas de um mesmo delator. Parece estar em curso uma espécie de "narrativa de chegada". A cada depoimento, ao sabor de sua conveniência, as personagens vão ajustando a sua história. Acumulam-se riscos de anulação de todo o processo, o que seria péssimo para o país.

Infelizmente, procuradores, policiais e juiz parecem não se contentar em fazer a parte que lhes cabe na ordem legal. Mostram-se imbuídos de um sentido missionário e doutrinador que vai muito além de suas sandálias, daí as operações e fases receberem nomes esdrúxulos e impróprios como "Erga Omnes" e "Politeia". Politeia? Quem quer viver na Coreia do Norte de Platão? Eu não quero!

Um dos doutores do MP disse em entrevista ser necessário refundar a República. Moro aventou a hipótese de soltar um empreiteiro em prisão preventiva desde que sua empresa rompesse todos os contratos com o poder público, uma exigência que acrescentou por conta própria ao Artigo 312 do Código de Processo Penal.

ENCERRO
Eduardo acha que todo mundo tem a vara da moral tão curta como a sua. Esse rapaz, a exemplo do todo o Clã da Rachadinha, era contra a reforma da Previdência de Temer. Num vídeo que ele gravou, afirma com todas as letras que o sistema previdenciário não era deficitário. Menos de um ano depois, estava defendendo uma versão da reforma mais severa do que aquele que ele atacou. É sua noção de vergonha na cara.

Eduardo está acostumado a tretar com figuras que devem a sua existência às redes sociais. As pessoas o temem porque ele joga a sua cachorrada, incluindo os robôs, contra os seus alvos da hora. Não dependo do esgoto em que ele transita para fazer o meu trabalho.

Tenha pudor, deputado!

Tenha vergonha na cara!

As evidências estão aí, Eduardo. Mato a cobra e mostro a cobra e o pau. Você não pode fazer nem uma coisa nem outra.