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Reinaldo Azevedo

Além de perder o juízo, Bolsonaro perde também a batalha dos panelaços

A IMAGEM COMO METÁFORA: Presidente se atrapalha com máscara e, num dado momento, ela acaba por lhe cobrir os olhos. Estamos diante de um símbolo eloquente de seu comportamento nos primeiros dias da crise do coronavírus - Reprodução
A IMAGEM COMO METÁFORA: Presidente se atrapalha com máscara e, num dado momento, ela acaba por lhe cobrir os olhos. Estamos diante de um símbolo eloquente de seu comportamento nos primeiros dias da crise do coronavírus Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

19/03/2020 07h51

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A coletiva convocada por Bolsonaro revelou o ato de desespero de quem fez a aposta alucinada, sabe-se lá com base em qual avaliação, de que essa conversa de vírus não iria pegar por aqui e de que não se poderia prejudicar a economia sob o pretexto de combater o mal. Mas foi atropelado pelos números, pela indignação dos brasileiros, pela razão.

Um panelaço estava convocado para esta quarta, às 20h30. Na terça, já se fez um esquenta do protesto. Durante a coletiva, panelas esparsas e gritos de "fora Bolsonaro" já se ouviam, como o cantar dos primeiros galos quando o sol ainda nem cutucou o céu. Meia hora antes do horário marcado, a partir das 20h, a percussão dos indignados e os gritos de protesto tomaram o país, acompanhados de buzinaço.

No Twitter, o presidente havia escrito que a imprensa se negava a noticiar que, às 21h, estava agendado um panelaço em sua defesa. Não estava. Era uma invenção, uma mentira e uma convocação. Ele aproveitou a coletiva para convocar seus apoiadores.

Algumas panelas tímidas e gritos de "Mito" se ouviram aqui e ali a partir das 21h. Quase nada. E logo foram sufocados pelos que, havia pouco, tinham pedido a sua saída da Presidência.

Ninguém contou a Bolsonaro que não existe vaia a favor, aplauso contra e panelaço de satisfação.

Sua sobrevivência política e, sim, sua permanência no cargo estão atrelados a dois fatores: a dinâmica da crise, que estará longe de ser coisa para amadores, e sua capacidade de respeitar as instituições. Seu conselheiro da Virgínia, Olavo de Carvalho, o instiga a atropelar a velha ordem. Bolsonaro pode escolher ouvi-lo, marcando o encontro com o impeachment, ou seguir as regras do jogo. Nesse segundo caso, o pior que pode acontecer é uma derrota eleitoral. No outro, é a cadeia.

Por enquanto, no seu caso, máscara é venda.


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