Azevedo e Silva, da Defesa, ainda não se desculpou por ameaças golpistas
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Leio na coluna de Lauro Jardim, do Globo, o seguinte texto:
Embora tenha pregado internamente que cessasse o embate público com Gilmar Mendes, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, ainda está com a ferida para lá de aberta.
Definitivamente, ele não superou a revolta causada pela acusação feita por Gilmar de que o Exército participa de um genocídio por ter um dos seus à frente do Ministério da Saúde.
A pessoas de sua confiança, Azevedo e Silva deixou claro que não há a menor chance de ele fazer qualquer gesto em direção a Gilmar. No Ministério da Defesa, só uma fato importa: Gilmar Mendes não se desculpou pelo que disse.
COMENTO
Eis aí. É por isso que, também na Defesa, é preciso ter um ministro civil, não um militar, que, em situações equívocas, deve acalmar a tropa, não inflamá-la com paixões corporativistas.
Por que Gilmar Mendes se desculparia? Para começo de conversa, não disse que o Exército "participa de genocídio". Referiu-se ao morticínio, hiperbolicamente, como genocídio e afirmou que o Exército "se associa" a ele, destacando quão ruim isso é para o país e para as Forças Armadas.
Em matéria de "desculpas", bem..., o ministro da Defesa até agora não se desculpou por ter sobrevoado a Praça dos Três Poderes em helicóptero militar quando, em solo, extremistas de direita pediam o fechamento do Supremo.
Mendes apenas alertou para o risco que corre a imagem do Exército. Azevedo e Silva parecia oferecer suporte aéreo a golpistas. E nada de desculpas. Instado a se explicar, preferiu a fala cínica: estaria verificando as condições de segurança da Praça.
Segurança para quem? Para fascistoides golpistas?
Ele também não se desculpou por ter assinado esta nota:
- Lembro à Nação Brasileira que as Forças Armadas estão sob a autoridade suprema do Presidente da República, de acordo com o Art. 142/CF.
- As mesmas destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
- As FFAA do Brasil não cumprem ordens absurdas, como p. ex. a tomada de Poder. Também não aceitam tentativas de tomada de Poder por outro Poder da República, ao arrepio das Leis, ou por conta de julgamentos políticos.
- Na liminar de hoje, o Sr. Min. Luiz Fux, do STF, bem reconhece o papel e a história das FFAA sempre ao lado da Democracia e da Liberdade.
Presidente Jair Bolsonaro.
Gen. Hamilton Mourão, Vice PR.
Gen. Fernando Azevedo, MD
A ameaça foi redigida apenas porque o ministro Luiz Fux, do Supremo, disse o óbvio: o Artigo 142 da Constituição não autoriza as Forças Armadas a se comportar como Partido Moderador.
Leiam ali: ao dizer que os militares não aceitam "julgamentos políticos", o sr. Azevedo e Silva acha que eles podem julgar os juízes.
É uma aberração. E sem desculpa.
Quando o ministro Celso de Mello encaminhou à PGR pedido feito por um deputado para apreender o celular do presidente -- e Celso apenas cumpria a sua função --, o general Augusto Heleno também emitiu nota. Lá se lia:
"Tal atitude é uma evidente tentativa de comprometer a harmonia entre os poderes e poderá ter consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional"
Ameaça de golpe.
E Azevedo e Silva fez saber a todos que endossava o texto.
Ainda não se desculpou.
Ele tinha fama de "moderado". O que pretenderão os radicais? Enforcar o último democrata com as tripas do último civil?
A nota sobre o episódio recente é notavelmente truculenta.
E ele espera desculpas?
Com o Supremo aberto ou fechado?