Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Coluna na Folha: Ou terceira via tenta desconstruir Bolsonaro ou já era
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Leiam trechos.
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Isso a que chamam "terceira via", em conseguindo ser alguma coisa, teria a coragem, a clareza ou ambos de partir para a desconstrução de Jair Bolsonaro, deixando claro por que, para a sobrevivência da democracia, ou para a sua higidez, ele não pode ser reeleito presidente da República, ou estaremos todos fritos? Quando vão perceber que a tradução da fórmula "nem-nem" é esta: "nem bilheteria nem fortuna crítica"? Até agora, no entanto, vejo passos em sentido contrário. O caminho está errado. E qual é o erro essencial da turma que se meteu na criação do que chamei aqui de "Quimera da Dupla Negação"? A ambição de se constituir como uma espécie de Comitê de Salvação Pública, mas com sinal trocado. Em vez do cego furor revolucionário, o que se vê --com todas as vênias às personagens envolvidas-- é um reacionarismo meio salta-pocinhas, que é antibolsonarista por força das circunstâncias apenas, mas cuja vocação é ser, de verdade, antipetista e antilulista. "E não pode ser, Reinaldo?" Claro que sim! Mas, então, é preciso chamar as coisas pelo nome e ver se a postulação dá pé. Eu acho que não dá.
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O jogo ainda não está jogado, é claro. Erros importantes podem ser cometidos. Mas não vejo leitura possível do jogo que justifique essa ideia tola do "Comitê Conservador de Salvação Pública". Caso se consiga definir quem é J. Pinto Fernandes, a tarefa óbvia de tal personagem é tentar tirar Bolsonaro do segundo turno --por enquanto, ele está ganhando musculatura para assegurar a vaga. E olhem que não faltam ruindades e insucessos no seu governo. Ocorre que a turma do "Comitê" está muito ocupada trocando tapas. No PSDB, Eduardo Leite ignora o resultado das prévias. Na UB, Luciano Bivar usa Sergio Moro, o "Bolsonaro Nutella", como uma espécie de cavalo de Troia, evidenciando que o partido já nasce sob os auspícios do bifrontismo. E se permite que o único nome do grupo que tem uma obra de dimensão nacional --e tem-- seja jogado às cobras. Refiro-me, claro!, a João Doria. Não há terceira via possível se o caminho está errado.
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