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Tales Faria

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Apesar das pesquisas, Bolsonaro insistirá na tese de fraude; sem o centrão

O presidente Jair Bolsonaro agora está preocupado em manter-se como líder do conservadorismo radical  -  O Antagonista
O presidente Jair Bolsonaro agora está preocupado em manter-se como líder do conservadorismo radical Imagem: O Antagonista

Colunista do UOL

01/10/2022 18h15

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A disposição do presidente Jair Bolsonaro (PL) é insistir na tese de fraude eleitoral, caso se concretize ou não a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no 1º turno da eleição presidencial, conforme admitem, na margem de erro, as pesquisas Ipesc e Datafolha divulgadas nesse sábado.

Segundo o Ipesc, Lula ficou com 51% das intenções de votos válidos; Bolsonaro, com 37%; Simone Tebet (MDB), 5%; Ciro Gomes, 5%.No Datafolha, Lula teve 50%; Bolsonaro, 36%; Simone, 6%; e Ciro, 5%.

Para liquidar a fatura, Lula precisa de 50% mais um voto. O problema é que a margem de erro das duas pesquisas é de dois pontos percentuais. Portanto, não está garantido que não haverá um 2º turno.

Até o início da noite, a disposição do comando do centrão é de não acompanhar o presidente da República nas críticas ao sistema de contagem de votos.

Chefes políticos dos principais partidos do centrão —PP, PL e PR— já disseram ao presidente que tentarão aprovar algum mecanismo de voto impresso para as próximas eleições, mas a avaliação é que não cabe colocar em suspeição, neste momento, o resultado das urnas.

Até porque, não é impossível uma adesão de figuras importantes desses partidos a um provável governo Lula. Eles argumentaram também que todos os políticos eleitos neste pleito o foram no sistema de urnas eletrônicas sem voto impresso. Seria uma contradição contestarem suas próprias eleições.

Quando foi informado pelo comando do centrão de que não há disposição nos partidos em aderir à tese da fraude eleitoral, o presidente respondeu que insistirá assim mesmo.

Segundo os políticos do centrão o atual presidente não crê que de fato conseguirá dar um golpe e impedir a posse de Lula, mas ele precisa insistir que há fraude para manter a liderança sobre o núcleo mais bolsonarista de sua base eleitoral, ao qual atribui o fato de ter resistido aos avanços do ex-presidente Lula nesta eleição.

O presidente insistiu tanto, durante todo o seu governo, na tese da falibilidade das urnas eletrônicas, que não tem como convencer os bolsonaristas raiz, agora, de que não houve fraude. Além disso, a narrativa servirá de amálgama para seu grupo.

Para insistir na ideia de que houve fraude, Bolsonaro apareceu durante a campanha com outra tese que surpreendeu até mesmo seus aliados mais próximos: a de que esperava liquidar a eleição no primeiro turno.

Agora, se houver segundo turno, vai dizer que o TSE não registrou esse resultado por causa da fraude. Mas a verdade é que essa possibilidade de vitória no 1º turno não convenceu nem mesmo seus assessores no Planalto. Embora ninguém diga isso publicamente.