Vídeo não mostra integrante do MST quebrando vidraças; gravação é antiga
Hygino Vasconcellos
Colaboração para o UOL, em Balneário Camboriú (SC)
28/11/2024 17h28
É falso que um vídeo mostre um integrante do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) quebrando vidraças durante os atos antidemocráticos em Brasília de 8 de janeiro de 2023.
As imagens compartilhadas nesta semana circulam na internet pelo menos desde fevereiro de 2022 e foram gravadas em uma empresa chinesa.
O que diz o post
Publicação traz o vídeo de um homem quebrando várias vidraças com um pequeno objeto que está na mão direita dele - não é possível identificar com exatidão o que seria, mas aparenta ser uma caneta.
Sobrepostas às imagens, foram colocadas as seguintes frases em português: "QUEM DEU A MISSÃO A ELES??" e "Nome dele é Hugo ele é do MST ajudem a divulgar". Já no topo do vídeo, é colocada uma pergunta em inglês: "Why the door shattered in the different way ?? (na tradução livre para o português: Por que a porta quebrou de maneira diferente?)"
A legenda da publicação é: "O vídeo retirado é esse aqui. Esse foi o vídeo que o Alexandre de Moraes mandou apagar da página do Bolsonaro. Vamos todos postar nas redes sociais. Quero ver ele mandar apagar de milhares de pessoas. Click nos três pontinhos para passar para cinco de cada vez."
Por que é falso
Vídeo foi feito fora do Brasil. Uma busca reversa de imagem por um fraime com a ferramenta InVID leva até vídeos sem as frases sobrepostas (aqui). Em um deles (aqui), é possível ler alguns ideogramas acima das vidraças, ao lado de uma fotografia de dois homens dando as mãos. Com a ajuda do ChatGPT, foi possível identificar o idioma (chinês) e as seguintes frases (já traduzidas para o português): "Experiência de direção confortável" e "Sua segurança é nossa garantia". Na própria postagem desinformativa é possível ler a palavra Mamba, que é o nome de uma empresa que fica em Guangdong Baiyun, na China. A partir da combinação das frases em chinês e "Mamba", o UOL Confere conseguiu chegar ao site da empresa (aqui).
Gravação original circula na internet desde 2022. Um dos vídeos (aqui) que circula no buscador Baidu foi postado em 19 de fevereiro de 2022, antes dos atos terroristas de 8 de janeiro de 2023. O UOL Confere não conseguiu confirmar se essa é a gravação original ou se foi a primeira a ser postada.
MST nega participação em ato. Em nota ao UOL Confere, o movimento afirmou que "realmente, não houve nenhuma participação de integrantes do MST nesse caso".
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